Festa do Divino, sagrada e profana

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

Não há de se estranhar falar-se da comunhão do sagrado e do profano numa festa dedicada ao Divino Espírito Santo.  Piracicaba sabe conviver com o humano e com o divino. Tanto assim que a Festa do Divino sempre foi chamada, também, de Folia do Divino. Céus e terra unem-se na alma piracicabana, especialmente quando é o rio o altar das comemorações.

A Festa ou Folia do Divino é um dos raros “encontros fluviais”, uma das mais belas que existem, em momentos gloriosos da Rua do Porto. A primeira, de que se tem conhecimento, aconteceu em 1826, por iniciativa de José Viegas Moniz. Devoção de católicos, a festa-folia soube conjugar harmoniosamente o sagrado e o profano, com muitas orações e devoções, mas com alegria e diversões.

O Cururu foi introduzido nas celebrações no ano de 1933, por Mário Lordello. As chamadas “Bandeiras” saem rio acima e rio abaixo, arrecadando prendas para o leilão: frangos, ovos, novilhas, leitões, dinheiro. O momento culminante acontece quando os batelões se encontram, ao que se deu o nome de “Encontro do Divino”. Folclore e religião também se encontram e a multidão celebra a sua devoção sacro-pagã.

Alceu Maynard de Araújo – piracicabano e um dos mais celebrados folcloristas brasileiros – anotou o quase lamento de um violeiro: “Bons tempos aqueles, quando, no último pouso, a gente passava a noite ´ferrado` num cururu! Pela manhãzinha, os agradecimentos do povo”.

A Festa do Divino deve ser entendida, também, como a Festa da Alma Piracicabana.

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