O peixe e a bênção

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

peixe

 

O indígena – antes da povoação do homem branco – viu o que acontecia e rendeu graças a seus deuses. Aquele lugar, aquelas águas eram “pirá”, peixe, “cycaba”, o lugar da colheita dos peixes. Outra tribo – no mesmo lugar e nas mesmas águas, borbulhantes pelas pedras do salto – iluminou-se de quase o mesmo: “pirá”, peixe, e “ciricaba”, corredeira dos peixes. Assim, nascia Piracicaba, abençoada pelo signo do peixe.

O rio tornou-se pia batismal de um povo. Que se tornou uma gente caipira, como o próprio indígena se denominou: caá (mata), i (água), pirá (peixe). E seu batismo está lá, naquelas águas e no simbolismo profundo do peixe, uma bênção.

Pois o peixe, na história da humanidade, simboliza o alimento e identificava, no início do cristianismo, o próprio Cristo. “Ichtus” é nome do peixe em grego. E “ichtus” são as inicias gregas de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.

A pescaria é a busca do alimento nas águas. E simboliza a “pesca das almas humanas”. Piracicaba é a cidade privilegiada que, na colheita dos peixes espirituais, criou um estilo próprio e abençoado de viver: o caipiracicabanismo. Pescadores, nossa vocação é entregar o alimento material e espiritual aos que acolhemos e nos procuram.

Não à toa, Santo Antônio é o padroeiro da cidade. E o seu mais célebre discurso foi a Pregação aos Peixes.

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