A HISTÓRIA QUE EU SEI (100)

O Distrito Industrial
A crise econômica já se havia instalado no país e, em Piracicaba, as repercussões eram, também, muito grandes. Havia necessidade de uma análise profunda da nova realidade do município, onde a monocultura da cana já estava deixando o seu rastro de pobreza, o êxodo rural acentuando-se, ao mesmo tempo que, em todo o Estado, assistia-se a grandes levas de migrações internas. A “revolução rural” criada por Salgot Castillon – abrindo estradas, pavimentando algumas, levando telefonia e eletrificação à zona rural – não tivera uma política de continuidade e, assim, de pouco adiantou a modernização levada à população rural. Vivia-se, em São Paulo, ao mesmo tempo, a política de Laudo Natel de “interiorização do desenvolvimento”, criando, nos prefeitos, entusiasmos nem sempre realistas, que acabaram provocando o inchaço de muitas cidades. Foi esse canto de sereia que Adilson Benedicto Maluf ouviu, sem se dar conta de que a tentativa de industrializar urna cidade implicava, antes dessa iniciativa, providências, planos e estruturas que Piracicaba não tinha.

Quando Adilson Maluf retomou a idéia de trazer a Caterpillar para Piracicaba, fomos uma das poucas vozes que se levantaram contra a maneira como o novo prefeito pretendia implantar o Distrito Industrial. Advertíamos, em 1973, que a industrialização desorganizada traria suas conseqüências imediatas, como o acréscimo excessivo da população, falta de empregos, de habitação, de escolas, com o conseqüente processo de favelização, aumento de criminalidade, insegurança, etc Nossas advertências, através de “O Diário”, foram tidas como “retrógradas” – merecendo, inclusive, críticas do “Jornal de Piracicaba” que, através de Losso Neto, defendia a Industrialização pretendida por Adilson Maluf. Mas havia urna realidade da qual não se podia fugir…

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