A HISTÓRIA QUE EU SEI (XC)

A administração de Cássio
A personalidade agressiva de Cássio Paschoal Padovani impôs-se à administração municipal. Honestidade no trato da coisa pública, essa foi como que uma obsessão em seu governo. Apegado, por temperamento e por profissão, a questões de ordem legal, Cássio Padovani era detalhista, preocupado com a organização, sem habilidade e tato, porém, para os aspectos políticos. Aquele estilo político inaugurado por José Vizioli, no início dos anos 40 – e que tivera grande força com Luciano Guidotti – repetia-se, também, com Cássio Paschoal Padovani. A cidade via com bons olhos o espírito desenvolvimentista dos “italianos”, como todos eles tinham sido chamados pela população.

Cássio Paschoal Padovani não teve tempo para, conforme eram os seus planos, “chegar ao centro da cidade”. Suas obras espalharam-se pela periferia e zona rural. Construíram-se a Avenida Alberto Volet Sachs, o Centro Comunitário de Tanquinho, os grupos escolares de Ártemis e o “Valentim Amaral” no Jardim Primavera; cobriu-se o ltapeva em seu final, abaixo do Clube de Campo; asfaltaram-se bairros inteiros; completou-se e criou-se o serviço de águas em Saltinho, canalizou-se água para o Matadouro, que era precariamente servido apenas pelo ribeirão Guamium; construíram-se poços artesianos nos distritos, redes de água no Jaraguá, campos de futebol nos bairros; cobriu-se o Teatro Municipal; reformou-se o Ginásio de Esportes; prosseguiu-se nas obras do novo prédio da Câmara Municipal; asfaltou-se a estrada do Aeroporto até Monte Alegre, tiraram-se os trilhos dos bondes, já desativados, e asfaltaram-se as ruas e avenidas, entre as quais a conclusão da Avenida Luciano Guidotti, a Avenida 9 de Julho, as ruas do Jardim Primavera; criaram-se escolas públicas, com seus respectivos prédios, nos bairros Bela Vista, Gibóia, Vila Nova, Pau D’ Alho, Ártemis, lbitiruna, Vila Nova, etc. Era uma atividade febril, em meio a graves conflitos políticos, em que se destacava a figura de Lázaro Capellari, o Secretário de Obras, e “assistente imediato do Prefeito”, como Cássio Padovani fazia questão de frisar, prestigiando o seu mais poderoso colaborador.

Foi, ainda, na administração de Cássio Paschoal Padovani que começou a se ventilar a possibilidade da vinda da Caterpillar para Piracicaba. Já se pensava na construção de um Distrito Industrial, idéia, no entanto, que estava sendo amadurecida e estudada em todos os detalhes, inclusive nos da capacidade de o município suportar o inevitável aumento populacional que ocorreria. Os primeiros contatos para a vinda da Caterpillar a Piracicaba foram mantidos pelo empresário Geraldo Quartim Barbosa, então um dos diretores da “Companhia City” e homem ligado ao novo proprietário da Refinadora Paulista e Engenho Central, Adolpho da Silva Gordo. Existia o COMEDI (Conselho Municipal de Expansão e Desenvolvimento Industrial) responsável pelo estudo do assunto, do qual participavam Geraldo Quartim Barbosa, mais Lázaro Sampaio, Ortiz Monteiro, Salim Phelipe Maluf, Virgílio Fagundes, Ricardo Abe, Justo Moretti Filho, Lauro Farias e Oros Gonçalves. 46 Sobre a necessidade da expansão industrial, não havia dúvidas. Quanto à maneira de fazê-Ia, porém, existiam cautelas.

Naquele ano de 1971, porém, os ventos políticos começaram a soprar contra Cássio Paschoal Padovani. Substituindo Abreu Sodré, chegava ao Governo de São Paulo, novamente, Laudo Natel e, assim, a ARENA ia-se encaminhando para passar ao controle dos “Iaudistas” que eram, justamente, os “guidotistas” ligados a João Guidotti e herdeiros da memória de Luciano Guidotti. Em pouco tempo, com Laudo Natel no poder, João Guidotti passou a assumir o controle e os vínculos da política estadual em Piracicaba.

1 comentário

  1. toni em 26/06/2014 às 15:29

    Não apenas, não tinha habilidade política. Tinha deficit de relacionamento humano.

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