Fazer as malas

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Já tive paixão por fazer malas. Capricho, organização, ordem, peças separadas por tamanho, cor, uso, enfim, nunca precisei destes manuais que explicam como fazer malas. Fazia a minha e as das duas filhas, quando pequenas. Meu lindo fazia a dele, na qual eu dava uma vistoria, porque costumava levar bem pouca coisa. E ficava pronta num minuto.

Em qualquer viagem curta, queremos nos precaver com calor, frio ou chuva, mesmo sabendo da previsão do tempo. Acabamos nos perdendo na quantidade de roupa e a mala fica um chumbo de tão pesada. Tudo bem, hoje tem as rodinhas, mas houve um tempo em que malas eram carregadas pelas alças. E como pesavam!

Daí a expressão “mala sem alça”… Imagine carregar, transportar mala sem a alça. Outra coisa terrível de lidar é colchão desprovido daquela alcinha lateral. O fabricante tem de pensar no consumidor. É preciso colocar uma alça auxiliar na lateral do colchão, para transporte ou quando se deseja mudá-lo de posição na cama e isso deve ser feito regularmente.

Viagem nos remete a um lugar onde a cama e o quarto não serão os nossos. O banheiro, as toalhas, algumas coisas tão familiares e tão intensamente amadas! Enfim, minha paixão por fazer malas acabou. Hoje, sofro com a arrumação de uma simples maleta para passar o final de semana fora de casa.

Tenho profunda admiração por quem viaja sem parar. A pessoa mal chega de um país, já está pensando em outro. Acabou de desfazer as malas e está fazendo de novo. Perdi este pique, este ânimo. Uma simples viagem à praia costuma me deixar pelo menos uma noite sem dormir de tanto pensar. Pensar na mala. Pode rir.

Viagem à praia exige um ritual de preparação. Eu que o diga! Depende muito do local onde nos hospedamos, é claro. Se for numa casa alugada, é preciso levar desde roupa de cama, banho e também de mesa, porque pelo menos o café da manhã será lá. E para quem gosta de começar o dia com pães, torradas, frutas, geléias, queijos, café, leite, sucos, é preciso fazer uma compra inicial e também abastecer a geladeira com coisas para ir beliscando quando bate a fome. Ou seja, férias na praia, mas com supermercado. Inclua todo o material de limpeza e higiene da casa também. Ufa!

Ainda que a hospedagem seja num hotel ou pousada, com toda a boa estrutura de hotelaria, temos de pensar na nossa mala. Além do arsenal de filtros, xampus, cremes, cosméticos e apetrechos de toda ordem, a mala de praia é sempre especial. Sem contar que é preciso uma sacola à parte só para as bolsas de palha, sandálias e chinelos.

Depois de certa idade, não podem faltar os remédios. Tem o da pressão, a aspirina, a vitamina E e D, a atorvastatina e o alendronato de sódio. Lexotan, pois pode pintar insônia brava à beira-mar. E protetor auricular, nunca se sabe do barulho à noite. Não se pode esquecer o paracetamol, porque a dor não avisa quando chega.

Sim, sua tonta, tem farmácia lá, mas a gente cresceu ouvindo a mãe dizer que é melhor prevenir do que remediar. Sábio conselho, de eterna eficiência. Saudades, mãe querida!

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