Natal … Mulher (Do jeito de um sermão)

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O primeiro Natal da História foi possível porque uma mulher o tornou possível. E quantos outros Natais, no coração das pessoas, das comunidades, do mundo, aconteceram porque outras tantas mulheres, tantas outras Marias, se dispuseram a fazê-los acontecer.

Não estou me referindo, é claro, ao natal do dia 25 de dezembro. Nem estou reconhecendo que a festa do natal é possível porque a mulher se desdobra no preparo da comida, nos enfeites da casa, no embrulho dos presentes.

Estou me referindo ao Natal maior, ao Natal compromisso com Deus, de fazê-lo nascer sempre no coração das pessoas, dos grupos, comunidades e da própria sociedade. A mulher do primeiro Natal não se comprometeu apenas com o dia 25 de dezembro, mesmo porque não existia isso. Ela se comprometeu em trazer Deus – Jesus- para o coração do mundo e da história. Lá naquela gruta, Maria não gerou uma festança: gerou um Salvador e Libertador do mundo. Maria colocou a mulher na origem do grande acontecimento Jesus Cristo. Resgata e restaura a dignidade da mulher.

Jesus nasce de uma mulher. Para crescer, depende de uma mulher. Durante 30 anos Ele adquire maturidade e segurança para partir e pregar o Reino de Deus, sob os cuidados de uma mulher. Durante os três anos de pregação, a presença ativa da mulher é constante. Na cruz, já no caminho do Calvário, elas choram por Ele, o confortam, e o acompanham aos pés da Cruz. São mulheres as primeiras a anunciar a ressurreição aos apóstolos e discípulos. Na espera do Espirito Santo, estão reunidas em vigília e oração com a Igreja primitiva. Nas cartas dos Apóstolos, muitas delas são mencionadas e elogiadas pelos serviços prestados às comunidades. E a história toda da Igreja vem marcada pela presença atuante e testemunhante da mulher. Entre os santos, são inúmeras as mulheres. Na tarefa de evangelização quantas missionárias, religiosas e leigas. Quantos conventos femininos e colégios, orfanatos, creches, hospitais, santas casas.  Entre os índios, nas periferias de nossas cidades, nas favelas e cortiços. Em tudo está a mulher.

A nossa própria história religiosa pessoal: a fé já nos veio do colo de uma mulher, a nossa mãe. Depois nos passaram às mãos da madrinha que nos batizou,  da catequista que nos familiarizou no conhecimento e na vivência da fé, educando-nos na fraternidade e na partilha. E quantas outras mulheres que marcaram a nossa existência cristã: a namorada, a esposa, a avó.

E a comunidade? Quantos grupos e populações inteiras devem sua vida cristã à atuação evangelizadora da mulher: aquelas que levam o conforto aos doentes; aquelas que ajudam a organização das pastorais.  As que cuidam da Liturgia, da ornamentação, da secretaria, da limpeza. Aquelas que fazem trabalhos na periferia, religiosas que moram nas favelas.

Em suma: o primeiro Natal aconteceu porque uma mulher se dispôs a responder SIM, a identificar-se como Servidora. Outros tantos milhares de Natais continuaram e continuam acontecendo, porque há o SIM da mulher! Um Feliz Natal de bem com a mulher!

Pe. Otto Dana- Vigário Paroquial da Paróquia de Sant´Ana em Rio Claro –SP

1 comentário

  1. Antonio Carlos em 23/12/2014 às 12:30

    Belo texto, padre Otto. Pena que ‘donos’ da Igreja – todos homens e nem sempre bem resolvidos com o sexo oposto – não percebam isso.

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