E acabou-se o que era doce

MudançaSueltos eram, no jornalismo passado, pequeninas crônicas, rápidas, sintéticas. Eram – como, hoje, os twitters – comunicação rápida, opinião, palpite em papel e em letras de forma. Eis-me, pois, aqui, pretendendo ser twitteiro da Tribuna impressa. E de A Província, eletrônica. Na verdade – como dizem os franceses: “plus ça change, plus c’est la même chose” – quanto mais muda, mais é a mesma coisa. Afinal de contas, o suelto é escrevinhação secundária, sem lá grande importância.

E é isso que busco, aos meus 76 anos de idade, após 61 de jornalismo e escritas: a desimportância das coisas. Na vida, há o essencial, o fundamental, o insubstituível. Cada um há que encontrar o seu tesouro que, na realidade, está debaixo do próprio fogão. Tudo o mais é desimportante. Preservar o tesouro – os seus queridos, sua terra, sua comunidade – isso tem um nome simples: sabedoria. Por pequena seja.

E eis aí a tragédia final, o abismo que tanto temi, contra qual tanto lutei. Pelo que fui preso, processado vezes sem conto, perseguido – mas feliz por ser um dever a cumprir. Caiu a ditadura, vieram governos civis e ditos democráticos. E sugaram o país! A estrutura político-econômica atual também é desimportante, por – ainda outra vez – excluir o pobre povo. Agora, diz-se que o doce acabou. Logo, “quem comeu lambuzou-se”. O que sobrou? Por onde recomeçar ainda outra vez? Restou o silêncio…

Deixe uma resposta