O peso da culpa

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

1945-600×400

Foto: Reprodução Google

Não há maior condenação para uma pessoa do que não conseguir conviver com a própria culpa. Com enorme peso no universo judaico-cristão, essa palavra se aplica perfeitamente ao filme ‘1945’, de Ferenc Török. Tudo começa quando, no contexto do final da Segunda Guerra, dois judeus húngaros retornam a um vilarejo com duas enormes caixas.

A intenção deles, um senhor idoso e um jovem, e o que está dentro delas desperta as mais variadas reações. A maioria é motivada pelo senso de culpa e pela forma como os judeus foram denunciados por moradores daquela cidade aos nazistas. A palavra “vingança” é utilizada por muitos como motivo daquela presença inesperada.

Em meio a isso tudo, o todo-poderoso do vilarejo está prestes a casar o seu filho com uma moça que gosta de outro homem. As infelicidades se mesclam e ampliam com as mágoas de uma esposa não desejada sexualmente pelo marido e de um homem mortificado por ter levado os judeus a perderem objetos, casas e as próprias vidas.

As cenas da carroça levando as caixas em meio a imensos espaços vazios, dos judeus caminhando sem falar com ninguém e das consequências dessa chegada na comunidade constituem um painel de silêncios, medos, receios e interrogações em que as pessoas perdem a si mesmas pelos seus pecados, passos em falso cometidos pelos mais variados motivos, geralmente pouco ou nada justificáveis.

Deixe uma resposta