Ideologia na arte

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Foto: Reprodução Google

A arte popular e folclórica é tratada de maneira curiosa pela política. Os regimes mais à direita e mais à esquerda tendem igualmente a valorizá-la. Os primeiros por vê-la como uma manifestação nacionalista a ser estimulada; e os segundos por entendê-la como a base da construção autêntica de um país.

O filme polonês ‘Guerra Fria’, candidato pelo seu país ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2019, trata dessa questão por meio de uma história de amor entre uma cantora e dançarina de músicas de raízes folclóricas e um maestro e pianista que pesquisa essas origens. Ele se envolve no projeto pelo amor à música, mas a proposta é absorvida pelo regime político para fins de propaganda do regime socialista.

O relacionamento entre os personagens mostra maneiras distintas de se relacionar com esse complexo universo do poder. Ela se entrega intensamente a todo tipo de paixão, não tendo pruridos em dançar para quem lhe peça. Ele não aceita que uma pesquisa de repertório autêntico se torna parte de um ideário político.

Os desencontros do casal são mostrados em diversas cidades da Europa, pois ele foge do autoritário regime polonês, e ela se casa com um homem do ocidente europeu. Filmado em preto e branco, a obra consegue apresentar o caos cultural de uma nação por meio do drama emocional de dois artistas que inutilmente buscam a felicidade. Triste, mas lindo e denso!

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