Espetáculo “Sobre Meninos, Mendigos e Poetas” encerra ocupação de 18 anos do Grupo Forfé no Sesc

Foto: Lívia Spada

Após dois meses de programação ininterrupta no Sesc Piracicaba, a ocupação artística que comemora os 18 anos do Grupo Forfé de Teatro chega ao final. O encerramento acontece na próxima quarta-feira, 25, às 20h, com a apresentação do premiado espetáculo “Sobre Meninos, Mendigos e Poetas”.

A peça, que estreou em 2010 no Teatro Municipal de Piracicaba, participou de vários festivais de teatro e acumula diversas indicações e premiações: em 2010, foi indicada para o prêmio de Melhor Ator (Denilson Oliveira) no Fentepira (Festival Nacional de Teatro de Piracicaba); e em 2011 foi premiada em cinco categorias no Festival de Teatro de Cubatão, o Festac.

O espetáculo tem direção de Felipe de Menezes e dramaturgia de Denilson Oliveira – esse que também faz parte do elenco ao lado de Elias Lima. “Sobre Meninos, Mendigos e Poetas” traz o clássico encontro entre dois vagabundos. A narrativa explora os delírios e os diálogos anedóticos de Velho e de Matraca, sujeitos que caminham na contramão dos moldes estabelecidos pelos homens de seu tempo. Os personagens estão em busca de algo que lhes faltam, e a constante procura não permite que se territorializem.

O processo criativo começou a partir do processo de fotografar moradores de rua e do improviso de cenas a partir e então. Personagens, espaço e atmosfera teatral foram desenvolvidos também com certa influência dos textos de Samuel Beckett, em especial sua obra prima “Esperando Godot”.

Denilson conta que a dramaturgia não explora o encadeamento de cenas linearmente. “Investe na repetição dos acontecimentos, explorando desse modo, a monotonia existencial de personagens desterritorializados”, enfatiza. “Propõe, sim, uma tensão dramática explorando o vazio das relações e de perspectivas nulas em relação ao amanhã”, explica.

A frase do geógrafo brasileiro Milton Santos que se tornou referência nos estudos sobre a globalização ganha novos questionamentos na boca do diretor Felipe de Menezes. “Se no dizer de Milton Santos ‘cada lugar é o mundo’, o que seria, então, o não-lugar?”.

Segundo ele, o jogo de vida entre os dois vagabundos do espetáculo reside aí: “um que diz que conhece e um que quer desconhecer, e como um fio que une esses vagabundos está Mancebo – personificação mítica do poeta. Esse triálogo entre Matraca, Mancebo e Velho é desnudo e ao mesmo tempo profundo”, conclui.

Os ingressos podem ser adquiridos no site do Sesc Piracicaba (sescsp.org.br/piracicaba) ou na bilheteria da unidade e custam R$ 5 (credencial plena), R$ 8,50 (meia) e R$ 17 (inteira).

Ocupação Forfé 18 anos: bate-papo, oficinas e espetáculos

Esse ano, o Grupo Forfé de Teatro completa seus 18 anos de vida. Para comemorar a data, o coletivo organizou uma ocupação artística no Sesc Piracicaba que vem acontecendo desde o dia 1º de junho. O público já pôde acompanhar um bate-papo com integrantes do grupo sobre a trajetória do Forfé, oficinas culturais de dramaturgia, musicalização e atuação, além da apresentação dos espetáculos “Lilás”, “Palhaços” e “Delírios”.