Bom dia, Almir de Souza Maia
Morreu Almir de Souza Maia. Estou entre os perplexos, não sabendo, ainda, qual dos sentimentos confusos predomina em mim: se o de dor, de susto, de saudade, de raiva, de inconformação, de vontade de xingar. E, por favor, não me coloquem a vontade de Deus nessa tragédia. Deus apenas viu, Deus permitiu, Deus não interveio. E se fosse para fazê-lo, Deus teria agido antes, quando Almir de Souza Maia foi vítima das maiores injustiças e crueldades promovidas por seus próprios irmãos de fé. Almir viveu um martírio. Em silêncio, como era de seu caráter já polido pela fé, pela tolerância, por sua honestidade ímpar.
Não sou de meias palavras, especialmente agora quando a dor me angustia e enraivece. Por isso, não tenho receio de dizer: Almir de Souza Maia vinha morrendo aos poucos, devagarinho, seu coração espicaçado pela injustiça, pelo martírio de não compreender a inacreditável dimensão da crueldade humana. Foi apunhalado pelas costas, numa rememoração bem humana da traição que Cristo sofreu por parte de um dos seus discípulos. Almir de Souza Maia foi traído, entregue aos fariseus de sua Igreja por um Judas que fora seu discípulo. Esse homem, o traidor, estará enforcando-se moralmente agora, se algo de sua infame consciência lhe restou.
Perdoem-me pela amargura, mas a morte de Almir de Souza Maia é perda dilacerante. O câncer devorou-lhe a alma muito antes de corroer-lhe o corpo. Bom dia, Almir, onde você estiver. E, para que Piracicaba se recorde, reproduzo trechos de uma crônica – de 06/02/2007 – na qual escrevi a sua saga. Adeus, amigo querido.
O martírio de Almir Maia.
A sorte, por enquanto, de Davi Ferreira Barros é a de que ele, na realidade, pouco entende de história e, em especial, das lições milenares e eternas da mitologia. De todas elas, as mitologias. Incluindo as cristãs. E é sorte dele porque, nessa ignorância da fatalidade histórica, ele não percebe o seu grande e penoso azar, a sua tragédia pessoal: ele aceitou substituir, suceder e tentar destruir um homem de bem, que se tornou ícone e símbolo – Almir de Souza Maia.
O destino de Davi Ferreira Barros é trágico, da mesma forma que freudiano ou por isso mesmo: ele se vê obrigado a matar a autoridade, a matar o pai, a matar o antecedente e o ancestral, sem perceber que se mata a si mesmo. Qualquer estudante de mitologia conhece esse percurso penitencial do ser humano, sabendo, porém, de como termina, de como a tragédia se encerra. Pois tragédia é esse final funesto, o canto ao bode, a farra dionisíaca terminando em sacrifício sangrento, o bode sacrificado. Davi Barros, na farra de sua irresponsabilidade, pensa estar sacrificando Almir de Souza Maia, seu antecessor, seja como um parricida, seja como um dionisíaco sacrificando o bode. Mas, na verdade, ele se suicida, mata-se em sua pequena biografia, apequena-se, assemelhando-se, pateticamente, a um Nero tentando incendiar sua Roma imaginária, para construir nada no lugar.
Usei a palavra irresponsabilidade e respondo por ela. Responsabilidade é responder. E voltarei a esse assunto oportunamente. Pois, irresponsavelmente – não sabendo pelo que responde – Davi Ferreira Barros está provocando a dilaceração do ventre da Igreja Metodista e, com isso, a exposição de suas vísceras, as da Igreja. E não há vísceras bonitas.
Confesso não saber até onde irá essa irresponsabilidade. Ou quem – pessoas ou instituições – haverá de interrompê-la. Pois está em jogo mais, muito mais do que uma “escolinha do Davi” ou uma seita nascida a partir de um Metodismo histórico. Está em jogo uma história séria, honrada, digna que – com todos os seus percalços, com todas as suas misérias – se manteve séria, honrada e digna. Davi Ferreira Barros, com seu exército de inocentes-úteis, desinformados, oportunistas, não percebeu estar provocando a cólera dos deuses.
O silêncio de Almir de Souza Maia – cuja honestidade e honradez a irresponsabilidade de Davi Barros não cuida de respeitar – é sintomático de um martírio que engrandece esse homem estóico. A sorte, pois, de Davi Barros é sua ignorância diante da história, da mitologia, do sagrado, do respeitável, do verdadeiramente religioso. Mas o seu azar é estar, irresponsavelmente, tentando destruir a imagem, a caminhada, a obra, o percurso, a construção de uma plêiade de homens que foram e que são muito maiores do que ele, o pequeno Davi.
Insistirei na irresponsabilidade de Davi Barros em expor as vísceras da Igreja Metodista. O mal que ele faz é irreparável. E o martírio, a que Almir de Souza Maia silenciosamente se submete, passa a ser uma bandeira de reação contra esse vandalismo e irresponsabilidade morais. Insinuações contra a honradez e a dignidade, contra a honestidade e a decência de Almir Maia são infâmias insuportáveis. (…)
Bravo, Cecílio! Compartilho a tristeza e a indignação.
Caro Cecílio. A quem honra, honra. A Província chora essa paixão. Tragédia é o seu nome.
Compartilho a tristeza.
Caro Cecílio. Estive na Unimep por 21 anos e vi toda a garra, competência e honestidade do Prof. Almir. Exemplo de homem e professional.
Infelizmente foi traído por homens e pela “fé” !!!
Deixo aqui minha tristeza e abraços para toda a família.
Caro Cecilio
Todos nós que passamos pela Unimep e amamos a instituição subscrevemos seu texto neste momento de perda e tristeza
Parabéns, Cecílio! É preciso de coragem para reafirmar o que pretendem apagar, seja caiando o muro ou através da normalidade e da frieza, tentando transformar espaços públicos em particulares.
Ilustríssimo Cecílio…. belas palavras e sábias palavras. Prof, Almir, exemplo de sabedoria, dignidade e competência. Deixara saudades.
Parabéns Cecilio!!!
Grande Cecilio! Obrigada em nome de todos que não perderam a capacidade de indignar-se e que hoje choram a perda de um homem de bem.
Simplesmente um absurdo essa associação feita pelo colunista. Só quem desconhece a vida e o trabalho desses dois homens citados, e como seu relacionamento sempre foi pautado no respeito e na ética, para escrever com tamanha desfaçatez. Lamentável.
Luciano, creio que você, que apenas observou à distância a crise ocorrida na UNIMEP, a partir do final de 2006, a maneira como a comunidade acadêmica e local reagiu à forma como o Prof. Almir Maia foi tratado pela Igreja Metodista, não pode ser o melhor observador para qualificar que tal texto seja uma desfaçatez. Basta gastar um pouco de boa vontade na pesquisa que a internet hoje permite com certa rapidez, para verificar que poucos daqueles que viveram pessoalmente aqueles tempos irão concordar com você. A raiva e a mágoa certamente não mataram Almir, mas a dor da injustiça de que foi objeto nunca deixou de existir.
Parabéns amigo Cecílio. Tuas palavras retratam minha alma, meu momento desta tragédia. ALMIR MAIA VIVE!!!!!!
Turco, meus parabéns!!! Mais uma vez (não sei quantas), você falou (ou escreveu) por muito de nós, Prof. Almir realmente merece toda esta sua indignação. A educação perdeu um grande combatente. O metodismo perde um grande quadro (nem sei se posso usar essa expressão). Enfim, ficamos mais pobres.
Se posso lhe fazer um pedido, não faça renascer a coluna na morte!!!
Continue dando-lhe vida, num momento de tanta pobreza/miséria política, cultural, humana…
Esse é um pedido para um jornalista/escritor/historiador, a quem eu aprendi a admirar…
Grande abraço, Lineu Maffezoli.
ESTOU INDIGNADO COMO VOCÊ, E LOUVO A DEUS QUE ME PERMITIU A BÊNÇÃO DE CONHECER E RESPEITAR UM GRANDE HOMEM COMO ALMIR MÁIA. OBRIGADO E ABRAÇO DO PASTOR OMIR ANDRADE
Caro Cecílio, acho uma falta de respeito usar a dor da família Maia para fins políticos. A família precisa de nossas orações e nosso apoio moral não de reflexões e julgamentos políticos que só fazem entristecê-los mais ainda. Sejamos solidários nesta hora de angústia e não “justiceiros”
Uma pessoa escreve sobre mitologia e é narcisista a ponto de se promover com a morte de uma pessoa. Realmente, quando pensamos que sabemos tudo, não sabemos nada. Lamentável um jornal se dignar a publicar essa diarréia mental (e pela segunda vez!)… falta respeito, decoro e polidez.
Uma falta total de sensibilidade com os familiares e amigos do Prof. Almir, agora não é a hora de se promover a custa de tamanha perda. E acrescento meu total desgosto com a associação que fizestes envolvendo dois sujeitos que se assemelham sim, na ética, no respeito e nos bons costumes.
Cecílio, essa coragem de expor os fatos , de não se deixar levar pela omissão, é algo louvável, falar sobre o passamento do querido Prof. Almir Maia, e sobre seus algozes, em momento algum
creio, ser uma falta de respeito aos familiares, tanto é, que o próprio filho André, se manifestou com indignação e desabafo citando as injustiças cometidas com seu pai, e que uma mudança na postura dos gestores da igreja local, se faça urgente, palavras ditas em seu pronunciamento no culto de corpo presente, realizado na Igreja Metodista Central, onde foi aplaudido em pé por todos os presentes , menos por um, que em sua prepotência, preferiu confrontar à aceitar uma verdade que não se cala diante de tamanha evidência. Fica sim, nossa indignação pelos fatos que levaram a ausência prematura do Inestimável Professor Almir Maia, homem sábio, simples, hábil e generoso, aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele, jamais o esqueceram, ficará para sempre em nossos corações e mentes.
Márcio Prado de Oliveira
A Educação sente a perda do professor Almir. Piracicaba entristece pela perda de um homem sério que muito fez pela nossa Unimep! O Metodismo está enlutado pela partida de homem de fé!
Conheci o reitor Almir Maia, na Faculdade de Pedagogia. Em idos anos. Não sabia de toda a história, até ler o seu texto, Cecílio. Tocante e digno. Enfim… ele mereceu que você ressuscitasse o ‘Bom dia”. E que a paz do Senhor vele sobre nós.