A meritória Lei das Sacolas

É justo dar ênfase à já chamada “Lei das Sacolas”, de autoria do vereador Capitão Gomes e sancionada pelo Executivo, segundo a qual os estabelecimentos comerciais deverão fornecer, aos clientes, sacolas retornáveis, bio/oxibiodegradáveis. Essa medida providencial coloca Piracicaba na trilha das cidades que já tomaram iniciativas mais arrojadas, com novos modelos de atenção e cuidados ao meio ambiente.

Para nós, é-nos prazeroso poder louvar a iniciativa do vereador Capitão Gomes, pois nos parece ser um retorno, daquele vereador, às suas origens de homem público, quando surpreendeu pelo comportamento politicamente independente e voltado aos interesses públicos. Na oportunidade, ao começo da carreira do vereador, estivemos entre os primeiros a saudar a sua atuação no cenário político, com um artigo em que registramos a nossa grata surpresa. “Um certo Capitão Gomes”, foi o título do comentário. E, mesmo quando o vereador fugiu às suas trilhas idealísticas iniciais, tínhamos certeza de que não nos equivocáramos ao saudar a firmeza de sua atuação na vida pública. Por isso, com essa lei de sua autoria, parece-nos ser uma excepcional oportunidade para que o Capitão Gomes nos devolva, de vez, a confiança que inspirou a grande parte da população, que, nele, depositou expectativas e esperanças maiores.

Piracicaba, ao contrário do que nos conta toda a nossa história, está atrasada em relação aos graves sinais dos tempos, em que urge uma retomada à civilidade, ao respeito diante do todo que, na realidade, está na natureza da qual o homem é parte. Pois, no início do século 20, Piracicaba era tida como modelo de urbanidade, de limpeza, com o pioneirismo de cuidados especiais com ruas, praças e jardins. Há que se lembrar ter sido Luiz de Queiroz um dos primeiros ambientalistas deste País. E que Thales de Andrade, na literatura, já pode ser considerado como o pioneiro na louvação e na defesa da ecologia.

A “Lei das Sacolas”, de autoria do Capitão Gomes, é um passo importantíssimo, especialmente em se considerando a consciência e a boa vontade de grandes estabelecimentos comerciais prontos para iniciar essa nova fase na relação com os clientes e com a cidadania. A partir dela, os inúmeros grupos ambientalistas – que heroicamente lutam por uma Piracicaba mais digna e com qualidade de vida recuperada ao nível de nossa história passada – poderão insistir, lutar e alcançar novas conquistas, das muitas ainda necessárias.

Ora, as grandes empresas comerciais, adequando-se à nova lei, darão uma contribuição fundamental para o anúncio desses novos tempos. No entanto, há, em Piracicaba, algumas características realmente singulares, incluindo também o comércio varejista. São o número crescente de mercearias, de supermercados, de varejões, de estabelecimentos de bairros que, possivelmente, estejam atendendo à maior parte da população, ainda que não percebida pelos teóricos. Pois há uma Piracicaba inteiramente nova, fervilhando nos bairros, nos distritos, com vida própria e autônoma em cada área. A pergunta que deveria preocupar legisladores e a administração: estariam, pequenos e médios comerciantes, preparados para ou em condições de atender à nova lei?

O fato é que foi dado um grande passo, devendo-se, por isso, louvar a acuidade do vereador Capitão Gomes. Que, agora, as atenções se voltem também para a poluição visual – que tem, na Prefeitura, a maior poluidora – , acústica e para campanhas de educação ambiental que a população está disposta a acolher. Bom dia.

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