Aventuras venturosas

O texto foi selecionado para o livro Bom Dia – Crônicas de Autoexílio e Prisão, lançado em 2014

Certas coisas – nesse momento, para mim, de profundas reflexões – eu me lembro por terem sido o início de uma longa, árdua, perigosa, mas feliz jornada no mundo das letras. Foi, e tem sido, a aventura de um aventureiro. Temerária mas plenificante. Mesmo nos mais dolorosos e dramáticos momentos, durante a ditadura e diante das perseguições, o sonho permaneceu íntegro. Senti-me um cavaleiro andante e, por isso mesmo, nunca admiti houvesse desventuras nas aventuras. Foram aventuras venturosas.

Quando, ainda agora, me perguntam como sobrevivi a tantos temporais, respondo apenas com uma palavra: Deus. Dois homens marcaram-me a vida de maneira especialíssima: Aníger Melilo e Eduardo Koaik. Ambos bispos diocesanos de Piracicaba, este sucedendo àquele. Com D. Aniger, descobri a fé. E ela me acompanhou ao longo da mais árdua jornada. Então, perdia-a. E D. Eduardo Koaik, pacientemente, acompanhou-me a crise pessoal. E me dizia: “não adianta fugir, meu filho, Deus o persegue!” Nunca me dera conta disso. Agora, quando a velhice chegou – e ao refletir sobre esses 58 anos de profissão, 50 de escrevinhador do Bom Dia -, acredito nisso. Deus me perseguiu e me reencontrou. Eu O reencontrei. Bom dia.

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