Cartel da informação

bulbPior e mais deletéria do que a desinformação é a má informação. O desinformado desconhece. O mal informado é induzido ao erro e a reflexões tortuosas. Se a imprensa verdadeira é necessidade vital para qualquer sociedade democrática, a má imprensa, mais do que um desserviço, é um atentado à formação da reta consciência.

Uma das grandes farsas que se criaram em torno do jornalismo está na insistência em se afirmar que veículos são imparciais, independentes, perseguidores da verdade. Ser imparcial, no jornalismo, significa ser amorfo, insípido, alheio à realidade sócio-político-econômica. Desde o surgimento da palavra escrita, folhetos, folhetins, panfletos, jornais defendem e proclamam ideias. São, portanto, movidos por alguma ideologia. Logo, somos parciais, somos parte de algum propósito ou processo que, no jornalismo, hão de ser nobres e justos. Notícia é uma coisa; opinião, linha editorial, outra. A notícia tem que ser objetiva, clara, conforme o que realmente ocorreu. A linha editorial é definida por uma ideologia, seja pessoal ou de grupos.

Imparcialidade, no jornalismo, impõe-se diante do conflito entre partes envolvidas, dando-se a mesma medida a cada uma delas. A partir daí, o jornalista consciente passa a fazer parte. Ele se define, ele analisa, reflete e, então, afirma a sua posição. Nunca é demais lembrar que opinião nada tem de certeza definitiva, de verdade absoluta. .Opinião é, apenas, um conhecimento que não inclui validade, sem prova científica. Uma opinião não contém ciência, mas poderá vir a tê-la.

O jornalismo exige, antes de mais nada, consciência reta e busca incessante da verdade. Pode resumir-se numa  única palavra: honestidade. Para consigo próprio e, em especial, para com a comunidade a que se dirige e de que faz parte. Informando, o jornal ajuda a formar. E, obviamente, mal informando, colabora para a má formação.

A crise do jornalismo impresso é mundial. O tempo, porém, haverá de colocar ordem nessa transição. O que o tempo, no entanto, não poderá recuperar é a ditadura da informação, que passou a ser parte, também, do maléfico sonho do “pensamento único”. Pode-se, sem medo de errar, dizer que estamos diante de um cartel mundial da informação. E cartel significa também coligação. São empresas ideologicamente coligadas para informar conforme dos interesses de grupos a que pertencem ou de que são aliadas. Insistem em dizerem-se independentes, mas estão acumplicadas a grupos de poder. Insistem em se afirmarem imparciais, mas o cotidiano delas revela exatamente o contrário, agravado pelo fato de ocultarem os seus objetivos.

Basta fazer uma simples  avaliação, por exemplo, entre a cobertura espetaculosa que a imprensa brasileira – num verdadeiro cartel da informação – deu ao chamado “mensalão do PT” e, agora, ao quase silêncio em referência à corrupção tucana que se arrasta há décadas. Criou-se um clima de terrorismo ideológico e de insegurança no país, sem motivos graves que não os político-eleitorais. Há uma crucificação da Presidenta Dilma – e esse feminino, presidenta, existe, sim! – mas quantos revelaram que ela foi declarada, pelo Instituto Forbes, a segunda mulher mais poderosa do mundo, logo após a alemã Angela Merkel?

Há uma clara campanha de pessimismo, de irritabilidade, de prantos de cassandras abarcando desde o preço do tomate à Copa do Mundo. Ora, não foi o povo brasileiro – em verdadeira festa coletiva – que sambou, delirou, dançou, cantou quando o país foi escolhido para sede da Copa? Éramos todos ignorantes, não sabendo que isso significava despesas, obras – com as inevitáveis corrupções brasileiras – mas, também, estímulos ao comércio, à indústria, aos bens de consumo?

Leio – por dever profissional e desejo pessoal – praticamente quase todas as publicações da imprensa grande, incluindo revistas. E aprendi que basta ler apenas um jornal ou uma revista. Pois todos estão basicamente iguais. Alimentando o “pensamento único”, evitando o surgimento de senso crítico, fugindo à inteligência como o diabo foge da cruz. Mas fico por aqui, pois a questão não pode, jamais – de tão grave – ser tratada em tão poucas linhas. Bom dia.

2 comentários

  1. Chico França em 04/04/2014 às 11:51

    A “inocente” presidente Dilma que se cuide, para não ser crucificada entre ladrões.

  2. Rubens Morandi Jr. em 04/04/2014 às 14:39

    Estou contigo e não abro,todos os meios da imprensa falam o mesmo assunto e da mesma forma, e muitas vezes falam de coisas sem muita importância para ser cortina de fumaça de assuntos que realmente deveriam ser colocados em pauta.

    Rubens

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