Como educar um filho

FilhoCerta vez, um ainda jovem pai, com filho adolescente, queixava-se comigo: “estou perdido, não sei que educação dar ao meu filho.” E me olhava como que à espera de uma resposta minha, que tenho todos os filhos adultos e já sou avô. Ora, e lá vou eu saber como é que se deve educar filhos hoje? Sou da geração do “psicologismo”, daqueles que casaram e tiveram filhos nos anos 60, os anos dos “hippies”, da pregação da liberdade absoluta e total, do “é proibido proibir”.

Minha geração criou e educou os filhos orientando-se muito por Piaget, por A. S. Neil, o tal da “liberdade sem medo”. Como pais, o nosso grande medo era o de que os filhos tivessem medo, repressões, traumas. Foi com minha geração que morreu a cegonha, aquela que, quando os filhos perguntavam, era a responsável pelo nascimento. Começamos a falar de sementinhas do papai que são plantadas na barriguinha da mamãe e a cegonha moral. Sexo sem traumas e sem tabus, daí nós termos começado a colocar as coisas às claras, a nudez dos pais, a naturalidade do amor, coisas por aí.

Nunca esperávamos que aquelas conquistas e, portanto, quebras de tabus, fossem acabar na zorra total.

De qualquer maneira, eu não saberia, jamais, como educar filhos em uma sociedade tão pragmática e utilitarista, num mundo de tal forma competitivo e robotizado. O que eu pude dizer a meu amigo foi que estava adorando ser avô, mesmo porque não era minha a responsabilidade de educar meu neto, isso era problema dos pais dele.

E eu adoro ser avô porque desejo ser, para ele, um daqueles velhos sábios cuja única utilidade está em mostrar que a vida é mais simples do que se pensa, que é mais fácil viver do que sobreviver.

Quero meu neto mal educado, no sentido de não se tornar escravo de ordens, de lições, de convenções. Se dependesse de mim, meu neto viveria no mato, entre plantas e animais e, dependendo da situação, gostaria que ele adorasse o Sol e a Lua como os seus deuses, aprendesse com os ciclos das estações, com a alma das coisas. Não lhe ensinarei – e isso eu garanto – qualquer filosofia. Em compensação, irei contar-lhe histórias, muitas histórias, todas as que eu sei e que irei de inventar. Serão histórias que terão sempre um final feliz, pois a vida pode ter um final feliz.

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