Cortina de fumaça

Como se sabe, os deuses – quando querem destruir os homens – começam por enlouquecê-los. Está acontecendo no mundo todo. Começou com Bush, um desses enviados especiais, – anjo montado em um corcel negro, patas luzidias e ventas fumegando – preparado para a grande destruição. Se não for pela economia, será pela bomba; se não pela bomba, será pela escravização das almas. É o espírito de Átila sobre o mundo. E de Hitler.

Governantes do mundo todo começam a interferir nos hábitos das pessoas, em costumes, em vivências culturais. Até na sexualidade, quando – menos preocupado com educação e civilidade – governos se preocupam com alcovas alheias. Pode-se tudo nas ruas, nas praças, no atentado público ao pudor. Mas se interfere em vidas pessoais. Bush – quem ainda se lembra? – foi mais um pregador na presidência, um profeta, um cavaleiro do apocalipse do que um governante. Até na sexualidade dos jovens tentou interferir, como se repetisse Stalin, Hitler, Mussolini, Mao Tsetung, ou mesmo Fidel Castro, com seus fantasmas sexuais. Foram e são o Grande Irmãos, não os da televisão, mas da vida real. Enquanto isso, cinema e televisão desenvolvem uma formidável indústria pornográfica que lobotomiza a juventude mundial.

Se o governante permite-se interferir nas relações amorosas das pessoas, irá, inevitavelmente, a interferir em questões também sérias, de absoluto foro íntimo, de moral complexa, como aborto, eutanásia e, finalmente, a eugenia. Hitler começou assim. Em vez da educação dos jovens para o amor – na revelação da dimensão também amorosa da sexualidade humana – usa-se a catastrófica fórmula da da proibição. Nisso, os Estados Unidos são especialistas: para o álcool, crie-se a “lei seca”; para a criminalidade, a pena de morte; se cigarros viciam, imponha-se a proibição. Tudo o que contrariar o “establishment” deve ser anulado “in limine”. A pretensão imperial não admite contraditório. Dela, nasceu o famigerado “Consenso de Washingotn”, que destruiu os alicerces dos países, incluindo os próprios Estados Unidos.

Até aqui, eles inundaram o mundo com uma sórdida indústria pornográfica e sua pérfida visão sexual. Agora, querem castrar a juventude em sua descoberta da vida. Castidade não se impõe. É um valor e um bem, sim. Mas um bem interior e ético de tal forma feito de delicadezas que ninguém tem o direito de intervir, seja para impor, seja para criticar. O antigo império britânico vive, ainda hoje, dos males da moral vitoriana.

Isso vale para o sr.José Serra e outros obsessivos que inventam cortinas de fumaça para desviar a atenção dos grandes problemas. O Governador Serra tem, agora, a sua esquadrilha da fumaça para punir fumantes e multar locais onde se permite o fumo. Enquanto isso, nas ruas, milhares de crianças desmaiam, destroem-se, suicidam-se com o crack e outras drogas. É hora de acabar com farsas e mentiras. Se José Serra quer acabar com fumantes e cigarros que consiga aprovar uma lei proibindo a sua fabricação. E ponto final. O resto é demagogia barata e já cansativa. Cada país, pelo jeito, tem o Bush que merece. E bom dia.

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