Dona de casa para ministra

picture (33)Nada entendo de economia. Deve ser incapacidade mental minha, pois, das faculdades que freqüentei, em pelo menos duas delas o estudo de ciências econômicas era fundamental. Até uma certa Economia Política estudei. Não aprendi nada. Até hoje, tenho livros que li com, ao mesmo tempo, avidez e desfastio. Desde Adam S,ith, a Samuelson. Nada aprendi e, para mim, economistas tornaram-se moda no Brasil desde que Juscelino Kubitschek deu a formidável arrancada desenvolvimentista. Com JK, cada brasileiro quis entender de economia. Deve ter sido isso. Mas, como sempre, não sei.

Tenho invejas intelectuais imensas. Dos antigos guarda-livros, por exemplo. Eu via o rigor, a sabedoria, o controle, a disciplina, o conhecimento dos guarda-livros e, além de admirar-lhes a capacidade, morria de inveja deles. Pois, num livro com duas colunas – de um lado, “ter”; e, de outro, “haver” – eles controlavam o mundo, desde as questões domésticas até verdadeiros impérios industriais.

Juscelino mandou o FMI às favas, Adhemar de Barros falava que o Brasil precisava de gerente, Luciano Guidotti provava não ser preciso sequer diploma de ginásio para promover revoluções urbanas e desenvolvimentistas. Aqui, Luciano contava com a sabedoria de um guarda-livros: Lázaro Pinto Sampaio. Era um mundo mais simples. E, por isso mesmo, com menos mentiras. Os mitos eram outros. E nada tinham de econômicos.

O fato é que nada sei de economia, culpa minha. No entanto, nem em livros e nem em universidades, aprendi verdades econômicas mais sábias do que as de qualquer dona-de-casa de antigamente. Uma delas e a primeira de todas: “não se deve gastar mais do que se ganha.” É, portanto, questão orçamentária doméstica que, valendo para qualquer país, apenas agora o Brasil aprende em relação a gastos do governo. E outra delas, também fundamental, era a lei da oferta e da procura, que ninguém ainda revogou. Quanta há muita oferta e pouca procura, as coisas caem de preço. Quando há procura e não há oferta, sobem. Portanto, “elementar, caro Watson.”

Penso nisso por não entender as falações dos ministros Meirelles, Mantega e companhia. Eles dizem a inflação estar sob controle, mesmo quando sabemos o país ter-se soltado das amarras burocráticas, um país em busca do desenvolvimento, da criação, da produção sem barreiras. Não entendo. A Elisa – a mulher que faz o melhor pão caseiro do mundo – pediu-me desculpas, pois precisava “subir um pouquinho” o preço de seu milagroso pão.

Ora, aí entra a teoria da necessidade. Minha gula pelo pão dos Soledade é tal – e, portanto, necessidade vital minha – que eu pago o que ela pedir por seu preciso pão, pão dos anjos, pão vivo, pão da vida. Mas todos estão subindo seus preços. E todos se justificam pelos outros preços que sobem: gás, trigo, gasolina, essas coisas banais que os governantes enxergam apenas a partir dos acontecimentos internacionais. É mais fácil colocar a culpa no Iraque. Ou no etanol.

Ora, estamos num tempo em que as mulheres vão assumindo o comando de tudo. É hora de elas cuidarem das finanças nacionais. A Zélia, do tempo do Collor, não valeu, uma picaretagem dolorosa. A dona Dila Roussef que se cuide. Mulher economista ou acadêmica não vale como ministra do Brasil. . Tem que ser dona de casa. A Elisa nunca chega a um acordo com o Mantega ou o Meirelles. Mas sei estar, ela, mais correta do que eles. Eis aí minha sugestão ao presidente Lula, para ministra do Brasil: Elisa, a do pão nosso de cada dia. Bom dia.

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