Dunga

O futebol é, ainda, uma das grandes paixões dos povos. Espalhou-se pelo mundo e, em todos os continentes, desperta entusiasmo, move uma indústria bilionária, une e separa multidões, aguça sentimentos. Quando se vêem, numa estádio de futebol, reis, presidentes, governantes vibrando com o que acontece no gramado, não há como negar a força emocional de um jogo que seduz pobres e ricos, analfabetos e intelectuais, homens e mulheres, adultos e crianças.

O final da Copa das Confederações, na África, foi um desses espetáculos fascinantes dificilmente de serem esquecidos. De um lado, a disputa pelo terceiro lugar entre um time ainda quase ingênuo, o da África do Sul, e uma das potências futebolísticas mundiais, a Espanha. A história de Davi contra Golias quase se repete, pois o futebol é essa imprevisibilidade, de feitos quase que impossíveis tornando-se exeqüíveis. E, por outro lado, a disputa entre Brasil, o todo poderoso rei do futebol, e a teimosa equipe dos Estados Unidos, uma seleção que vai crescendo ano após ano.

Se era, pela lógica ilógica do futebol, aguardado uma vitória brasileira, ninguém esperava fosse tão árdua, tão sacrificada e, afinal, heróica no sentido de superação de forças e, mais do que isso, na revelação de que o futebol do Brasil não se limita mais a um desfile de modelos em campo, como aconteceu em 2006, na copa de tão amargas lembranças. O Brasil da garra, da luta, do entusiasmo, do sangue, suor e lágrimas estava lá novamente. E representado por um homem que se revelou um gigante digno de seus antecessores, entre os quais Bellini, Mauro Ramos de Oliveira, Brito e o próprio Dunga, hoje técnico.

O fato é que o Brasil futebolístico está moralmente obrigado a calar a boca em suas reclamações ou até mesmo zombarias em relação a Dunga. Ele e Jorginho, no comando da Seleção Brasileira, estão realizando o que Dunga prometeu antes de assumir: na Seleção, somente jogará quem tiver vergonha na cara, quem honrar a camisa, quem tiver o desejo ardente de pertencer ao selecionado.

Foi isso o que vimos na África do Sul. Um time, formado por astros milionários do futebol mundial, deixando de lado vaidades, firulas e indiferenças para se transformar, em 45 minutos, numa única força motriz solidária, unida, lutadora, combativa. Os moços da Seleção transformaram-se em meninos, levados pela alma e pelo coração. Não apenas a Pátria estava nas chuteiras, mas o próprio coração. Essa fome de jogar, essa vergonha na cara, esse orgulho de pertencer ao selecionado têm, em resumo, um só nome: Dunga. A quem, mais do que nunca, o Brasil do futebol deve respeito também como técnico e comandante. Bom dia.

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