E Madalena será Luiz Antônio. Não vale.

Arrogo-me o direito de ser reconhecido como o primeiro jornalista, na imprensa local, a defender o direito de Madalena ter sido eleita vereadora, mesmo reconhecendo a possibilidade real de votos de protesto e de escárnio. O fato é que Madalena – que persegue essa ambição há muitos anos – é um patrimônio popular de Piracicaba, reconhecida por sua singularidade, seu exotismo, simpatia e serviços prestados à sua comunidade. Ninguém votou em Luiz Antônio.

A questão – que, como jornalista, levantei na mesma oportunidade – foi exatamente a da presença de Madalena nos recintos e no plenário da Câmara de Vereadores, com suas excentricidades, com sua maneira autêntica de ser, com sua personalidade pública. Seria uma discussão importante e necessária de ser debatida por todos quantos anseiem pelo amadurecimento de uma democracia ainda imperfeita. Se Madalena deixar de ser Madalena na Câmara, terá havido um logro eleitoral, um erro de pessoa. Isso já aconteceu na Câmara Federal, quando Tiririca deixou de ser a personalidade escolhida pelos seus eleitores, tornando-se um outro cujo nome nem sequer é lembrado.

Confesso temi essa transformação e a intuí. Certamente orientada por assessores, Madalena alegou, em uma primeira entrevista, que “será Luiz Antônio em respeito à Câmara Municipal.” Eu – que não votei em Madalena, mas que sou seu amigo e lhe devo gratidão especial – senti-me ofendido. Pois há uma lógica decepcionante nisso. Ora, se ela, em respeito à Câmara, deixa de ser Madalena ao se tornar vereadora, permite entender que, como Madalena, ela, então, o tempo todo não respeitou Piracicaba. Por que, agora, tais pruridos falsos e oportunistas? Os piracicabanos respeitaram e Madalena por ela ser como é, quem é. Não conhecem Luiz Antônio e não o amam, não o admiram e nem nele votariam.

Alguém está aconselhando mal e maldosamente Madalena, fazendo contorcionismos éticos para defender o indefensável ou para proteger interesses não confessados. Pois ninguém tem o direito de dizer que Madalena –se exercesse seu mandato com a sua personalidade popular, com seu jeito de ser – estaria agredindo o “decoro parlamentar”. Se esse argumento valesse, deveríamos punir o partido político que abrigou aquela candidatura e protestar contra a Justiça Eleitoral que a aceitou. Pois teremos, então, o direito de dizer que – valendo aquela argumentação – partido e Justiça agrediram o “pudor público”. Se se permitiu que Madalena fosse votada como é, ela tem o dever e a responsabilidade de ser vereadora tal também como é.

Se Luiz Antônio tomar o lugar de Madalena, estamos diante de um lamentável, doloroso e amargo estelionato eleitoral. Piracicaba terá um estranho na Câmara e haverá de perder Madalena, um patrimônio público de alegria, de generosidade, de simpatia. E que ela, Madalena, se cuide. Pois se já está sendo manipulada e instrumentalizada quanto à sua personalidade, pior, ainda, haverá de acontecer com os seus altos salários. Madalena é generosa e querida demais para ser assim tão vil e cruelmente explorada.

Madalena existe. Luiz Antônio, ainda não. Se a metamorfose acontecer na agora tida como excelsa e zelosa Câmara Municipal, Luiz e Madalena serão soterrados. E a perda será de uma Piracicaba amante de seus tipos populares e dos que sonham com uma democracia de verdade. Luiz Antônio no lugar de Madalena? Isso não vale. Nâo é honesto, nem legítimo. E terá sido um estelionato eleitoral. O responsável será o partido que abrigou Madalena. Ou a Justiça que convalidou o oportunismo?

1 comentário

  1. Luiz Miquilini em 16/10/2012 às 21:14

    Também acho.
    Sugestão: LUIS ANTONIO MADALENA LEITE.
    Vocês vão ter que me engolir!!!

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