Escrevendo Piracicaba Política.

Lembro quando entreguei a Piracicaba o meu livro sobre a história política de nossa terra. Fiquei 10 meses preso a esse livro, tendo levado oito meses escrevendo-o, um trabalho de cão, de atravessar madrugadas e ver o dia raiar. Esqueci-me de tudo ou de quase tudo ao longo desses meses, fiquei feito ermitão. Mergulhei em arquivos, em correspondências, em livros, fui no mais fundo da memória, consultei não sei quantas pessoas.

Quando terminei o último parágrafo, tomei minha mulher pela mão e fui correndo até a Casa Velha, da Mônica Rodrigues, onde relaxei, bebericando quase até o amanhecer. Após a dor do parto, o alívio. Por que me dediquei tanto a esse livro, por que sofri tanto para escrevê-lo, incluindo renúncias pessoais e profissionais?

Escrevi “Piracicaba Política: a história que eu sei” porque eu precisava, urgentemente, compreender o que estava acontecendo com Piracicaba e, portanto, comigo mesmo. Não me adiantava – como não adianta a ninguém saber uma história apenas em fragmentos, sem nexos, sem relações de causa e efeito. Ora, eu vivi grande parte dessa história, mas, mesmo tendo-a vivido, compreendi que eu não a havia entendido, não havia estabelecido essa relação de causalidade. Não basta saber que as coisas aconteceram. Mais importante é ver porque e como aconteceram e o que, depois, ocorreu. Era isso o que me faltava, uma análise, busca de elos que pareciam perdidos, o preenchimento de lacunas que me dificultavam a compreensão do fenômeno político e social de Piracicaba. Escrever o livro valeu-me muito, pois retornei a acontecimentos, a fatos, a causas. Descobri ângulos de uma história que estavam ocultos. Durante as grandes lutas e participações, as paixões das batalhas impediam todos os seus atores de enxergar o que estava ocorrendo. A partir de uma distância, algumas explicações surgiram, quase todos os acontecimentos puderam ser vistos e olhados sem o passionalismo de seu momento.

Para mim, foi fundamental ter escrito esse livro, pois foi, também uma revisão de vida, um reencontro com cada momento que passou a ser história. Houve atores e personagens dessa história que passaram, em meu conceito e diante de meus olhos, a ser outros: uns maiores do que me pareciam ter sido; outros, menores. De qualquer maneira, foi uma história humana.

Deixe uma resposta