Feijoada de Obama.

Lembro-me de quando o ex-presidente Lula, referindo-se ao presidente Barack Obama, comentou: “Ele tem um jeitão de baiano. Vai gostar de pegar uma praia e experimentar caipirinha.” Doce e lego engano. Obama é light, agora está provado. Onde já se viu, por exemplo, baiano – ou até mesmo carioca, ou paulista do interior – comer feijoada de tufu? Pois é o que será servido a Obama no Rio de Janeiro.

Como entender uma feijoada sem carnes, sem aquela mistura por assim dizer divina de rabinho de porco, de orelha, de costelinhas, de paio, de carne seca, de bacon? O casal Obama, Barack e Michele são exemplares em uma alimentação equilibrada, saudável, com abundância de frutas e de legumes, além de exercícios físicos e cuidados especiais. Até vinho orgânico o casal já ofereceu a seus convidados na Casa Branca. Ora, em tempos de obesidade universal, uma pandemia, o exemplo do casal Obama tem que ser aplaudido. Mas – caramba! – tudo tem seus limites. Em pleno final de Verão brasileiro, em especial Verão carioca, lá vão eles querer comer uma feijoada orgânica, com tofu?

Há gosto para tudo. E não discuto essas coisas. Mas começo, à minha maneira, a entender a serenidade, a tranqüilidade, a paciência do presidente Obama, um homem carismático que, no entanto, parece estar governando devagarinho, de manso. Pela alimentação dele, acho que me fortaleço numa reflexão que venho tentando compor desde quando, aqui em Piracicaba, o Partido Verde e seus vegetarianos assumiram a Secretaria do Meio Ambiente. A calmaria era tal que chegava a pasmar. Em lugar de ação, de atividades, parecia haver reflexão, contemplação. E pensei, então, cá com os meus já velhos e cansados botões: seria falta de carne? Comecei a acreditar que sim. E minha teoria se foi formando: vegetarianos, em assumindo funções públicas, deveriam ser conduzidos a cargos de mais reflexão e de menos ação, pensativos, calmos, lentos que se tornam. Para cargos executivos, no entanto, há necessidade de carnívoros, desses que gostam e se lambuzam com carne sanguinolenta, pessoas vorazes, ativas, com testosterona explodindo, sejam homens ou mulheres.

Parece, no entanto, haver um senão, que ainda não me levou a conclusões definitivas: esses carnívoros, famintos e vorazes, são ativos e realizadores, mas, também,se tornam promotores dos casos mais escabrosos de corrupção. Que se escolha, pois, entre dois estilos: a pasmaceira sem trapaças; a ação sem trapaceiros. Quanto a Obama, ele, vegetariano, demonstra ser, sim, um bom homem. O que, em política, isso significa, confesso não saber. Bom dia.

Deixe uma resposta