Filhos da Pátria

Ou o senador e ex-presidente da República, José Sarney, está caducando, ou ele, realmente, é o chefe de uma quadrilha com grandes poderes e absoluta, até aqui, impunidade. Estaria gagá se, de fato, não soubesse o que ocorre debaixo de seus bigodes, como já aconteceu também em Piracicaba, quando subalternos eram punidos e os chefes, que os nomearam, diziam não saber do que se tratava. Ora, quem nomeia é responsável pelos atos do nomeado. Se Sarney não sabia de tantos parentes seus postos a mamar nas imensas tetas da República brasileira, deve ter ficado idiota ou gagá. E, em ambas as hipóteses, não poderia ocupar cargos de relevância para o País. Se sabia, não passa de um chefe de quadrilha.

O Senado é a pátria amada, idolatrada, salve, salve, da família de José Sarney. Não há dia em que não pipoquem escândalos, antes guardados e escondidos, talvez até mesmo para não se divulgarem outros envolvendo grandes patriarcas da República. Ora é um neto de Sarney, nascido do namoro de um filho, que é mantido pelo Senado, às escondidas; ora, para evitar acusação de nepotismo, é a mãe do garoto, namorada que deu à luz o neto do Senador, que o substitui na chupança das tetas da República. E há tetas para todos os gostos e todas as bocas, desde que sejam da família Sarney: um mordomo para dona Roseane, pago pelo Senado; um cargo para o irmão de Sarney, que ninguém viu em Brasília; funcionários à disposição do Senador para cuidar de sua fundação em São Luiz; uma sobrinha aqui, um parente acolá; uma cunhada.

E, agora, é outro neto de José Sarney, filho do deputado Sarney Filho, pego com a boca na botija agenciando crédito – leia-se agiotagem oficial e consentida – para funcionários do Senado, em valores estimados que ultrapassam um bilhão de reais. Se Sarney pai disser que também não sabia e se Sarney Filho fingir que não tem nada a ver com isso, seria caso de internar a família toda num sanatório para débeis mentais. Ou, então, encarcerar boa parte da família para que eles aprendam que seus filhos e netos não filhos da Pátria, para que nós os sustentemos. Estão, na verdade, mais para filhos de outra coisa. Que também começa com P, mas que não é Pátria. Bom dia.

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