Lugar de bandido

pictureSempre se disse e se soube que lugar de bandido é na cadeia. O grande problema, no entanto, passou a ser a definição de bandido e a periculosidade dele em relação à sociedade. Quem é mais bandido: o traficante ou o político que desvia, para uso próprio, dinheiro do povo? Quem é mais bandido: o estuprador de inocentes ou o político que estupra os valores da nação? Quais são mais condenáveis: a gangue que assalta bancos e residências ou grupos políticos que dominam municípios, estados, assembléias, os poderes da República?

Confesso estar lutando comigo mesmo para continuar, ainda, acreditando em democracia. Mas a uma conclusão já cheguei: o Brasil não vive uma democracia séria e, portanto, esta não nos serve. Pois não é uma democracia o país que fica refém de uma classe política indecente, de grupos que estão mais próximos da “cosa nostra” do que de partidos e agremiações políticas. Há uma bandidagem escandalosa nos subterrâneos da política brasileira, a partir dos municípios. A vereança deixou de ser serviço para se tornar profissão. E o Legislativo, em toda a paisagem brasileira, passou a ser apenas um apêndice do Executivo, um grupo servil para negociar interesses nem sempre legítimos ou honestos. Veja-se a atitude dos senadores, agora, diante dessa CPI de opereta, a da Petrobras, que, por não terem poderes na comissão, decidem chantagear a nação na obstrução de projetos do mais alto interesse nacional. É uma gente que está pedindo para o povo voltar às ruas, que está provocando reações populares que, eclodindo, serão incontroláveis.

Um juiz, no Rio Grande do Sul, não decretou a prisão de assaltantes e bandidos por alegar que as prisões estão superlotadas. O governador José Serra, pela mesma alegação, está espalhando presídios pelo interior, com preferência notável para Piracicaba que, já tendo uma casa de detenção, ganhou, em seu governo, uma FEBEM e, agora, outro presídio. Piracicaba deveria homenagear José Serra dando seu nome ao presídio. Ou o de Barjas Negri. Ou o de Roberto Moraes. Seria formidável: Presídio José Serra, Casa de Detenção Barjas Negri, FEBEM Roberto Moraes. Sem esquecer do deputado Thame, presidente do tucanato paulista.

Presídios são escolas de bandidagem. Alguns deles, por seus requintes, se tornaram universidades do crime. Está na hora, pensou eu democraticamente, de mudarmos a visão das coisas. Lugar de bandido não deve mais ser a cadeia, mas os trabalhos forçados. Com as novas tecnologias, um chip no tornozelo controlaria os bandidos que poderiam estar reflorestando a Amazônia, catando o lixo das cidades, fazendo estradas. Com isso, haveria vagas nas cadeias para, então, abrigarem bandidos de alta periculosidade que estão soltos, desgraçando o país, desgraçando o povo, matando o futuro da juventude: políticos, banqueiros, empreiteiros, financistas. Enquanto não colocarmos verdadeiramente na cadeia políticos corruptos que assaltam cofres públicos com suas manobras e safadezas, o sofrimento da gente brasileira continuará eternizando. O que tem sido roubado neste país, nos municípios, também sob forma de comissões e de superfaturamento, teria resolvido os problemas dramáticos de educação e de saúde. Mas que fazer, se políticos entraram até mesmo nesta seara, para sugar o sangue e o suor do povo? Bom dia.

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