Nada há de novo.

Quanto mais o tempo passa, mas se vai aprendendo ser tolice dar opiniões, tentar expor ideias. Na realidade, nem mesmo, soltas, acho que desde o primeiro dia da criação. A própria ciência é, no fundo, como que uma brincadeira de descobrir o que já existe. Logo, a única saída disponível, penso eu, está em deixar que as coisas desempenhem o seu próprio ciclo. É bíblico: “nada há de novo sob o sol”.

Portanto, o que existe são tolices de cada época, como se os acontecimentos fossem originais, inéditos, incluindo os seus autores e atores. Há uma tendência doentia nos homens de pensar que a história começa com eles, em cada geração. A história é contínua. Pior ainda: tem leis inexoráveis. Tentar mudá-las é como que uma pretensão atávica, herdada dos primeiros pais, de quando, por tolice intelectual a humanidade perdeu o éden. Estava lá, todo pronto, o jardim das delícias. Estamos tentando mudá-lo há milhões de anos, ao invés de ir em busca de seu reencontro, de um simples reencontro.

O resultado está aí: um mundo tão bonito e harmonioso ameaçado, de repente, de ir par ao ares.

As ideologias não deram certo, nenhuma delas, incluindo a ideologia cristã. Já se vão mais de dois mil anos em que se prega e em que se anuncia o “amor entre os homens”. As guerras estão aí para dizer do fracasso de uma pregação milenar.

Ando sempre em dúvida quanto a dois fundamentais preceitos bíblicos: “ama o teu próximo como a ti mesmo”, o judeu; “amem-se uns aos outros como eu vos amei”, o cristão. Chego a pensar que o princípio judeu é mais apropriado, pois coloca a pessoa em primeiro lugar, ela amando-se a si mesma.

Pode parecer uma conotação egoísta, mas não seria o egocentrismo consciente e lúcido a chave para uma melhor interpretação da vida e dos homens no mundo? E a Lei do Talião, não será mais sábia e com resultados mais práticos para a convivência humana?

Sempre pensei na necessidade de uma revisão profunda no que passamos a chamar de “civilização ocidental”. Criamos tabus tidos, agora, como intocáveis. Entre eles, o verdadeiro dogma da liberdade humana. Será que somos realmente livres? Mais ainda: será que existe mesmo esse direito da liberdade absoluta?

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