O 50º. aniversário de um outro e nobre 1º. de abril

images (28)Por mais banal pareça a comparação, o dia 1º.de abril de 1964, pode – pelo menos por mim – ser comparado a uma rosa com seu cabo espinhoso. Os espinhos, obviamente, estão no golpe militar que, estrategicamente, se diz iniciado no 31 de março. Foi, sim, no 1º. de abril. Mas, ao mesmo tempo, uma rosa – nascendo com pétalas de esperança – começava a encantar. Era o dia dos exames vestibulares de acesso à Faculdade de Administração, Ciências Econômicas e Contábeis do Instituto Educacional Piracicabano. Sem que ninguém ainda soubesse, ali se plantava a primeira sementinha do que viria ser a pujante UNIMEP.

Tenho o orgulho de ser um dos vestibulandos daquela primeira turma. Prestes a formar-me em Direito, decidi – junto com Mariana, minha mulher – prosseguir os estudos em outra área. A obra era do Reverendo Chrysanto César. Mas o alimentador da alma daquela faculdade era um ainda jovem e já brilhante advogado, intelectual reconhecido desde muito cedo por seu talento e seriedade: Gustavo Jacques Dias Alvim. Ele fora designado para ser o primeiro diretor da ECA. E 50 anos depois daquele 1º. de abril claroscuro – de sombras e de luzes – Gustavo Alvim ainda lá está, novamente o Magnífico Reitor da Universidade Metodista de Piracicaba.

Posso afirmar sem medo de equívocos – pois fui aluno, professor, primeiro presidente Centro Acadêmico da faculdade, autor de um livro sobre início e parte da trajetória da UNIMEP – que Gustavo Alvim incorporou de tal maneira o espírito daquela instituição que passou a vivê-lo em seu dia a dia, em todos estes longos anos. Ninguém poderá esquecer-se de outros líderes, como Chrysanto César, Richard Senn, Elias Boaventura, passionais, hormonais; Almir Maia, com sua objetividade realística; Clovis Pinto de Castro, apagador de incêndios, nem também do incendiário Davi Ferreira Barros. Entre todos eles, Gustavo Alvim – ora como vice-reitor, como titular, como professor – circulou como algodão entre cristais, deixando transparecer o mais belo de sua brilhante personalidade: a prudência e o bom senso.

Durante o golpe militar de 1964, lembro-me de Gustavo Alvim indo ajudar-me – na minha condição de presidente do Centro Acadêmico Frederico Hermmann Jr. – a libertar companheiros presos na cadeia de Piracicaba. Ele revelava a sua ampla abertura de inteligência e de consciência, defendendo e prestigiando os “seus alunos”. Por essa e muitas outras razões, Gustavo Alvim foi e tem sido amado pelos que o conhecem, por todos que passaram por aquela instituição e com ele conviveram.

Em meu entender, duas das principais muitas virtudes de Gustavo Alvim são a do discernimento e da equidade. Metodista convicto e participante, Gustavo conseguiu ser absolutamente fiel à sua igreja e ao Metodismo sem permitir que a Universidade se fechasse apenas a um credo ou tão somente a diretrizes religiosas. Gustavo Alvim conseguiu – e ainda consegue – mostrar que fé e ciência podem caminhar lado a lado, complementando-se e não se digladiando entre si.

Este 1º. de abril de 2014 – além de servir para o repúdio ao golpe militar – deve, em especial, ser um dia de ação de graças pelo nascimento de uma instituição que honra Piracicaba: os cursos que vieram a formar a UNIMEP. E o 50º. também glorioso de um homem que, ao longo das cinco décadas, dedicou sua vida ao cumprimento de um preceito imortal: “Ide e Ensinai.” Seu nome: Gustavo Jacques Dias Alvim. “Ad multos annos!”, Gustavo. Bom dia.

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