O glorioso (e providencial) retorno de Tarzan

Tarzan-2014Quase não acreditei quando li: Tarzan voltou! E justamente no centenário de sua criação pelo escritor Edgar Rice Burroughs. Por mim, acho que a humanidade toda deveria rejubilar-se, exultar. Pois, agora, voltamos a ter um herói verdadeiramente humano, com sentimentos, coragem, audácia, valentia e, ao mesmo tempo, amoroso. Eu, pelo menos, exulto e me encho de esperanças. “Habemus Tarzan!”

Nunca pude entender que crianças e jovens de outras gerações que não a minha pudessem viver, sonhar, ter ilusões, alimentar ideais – sem Tarzan na vida delas. Quem foi íntimo do Rei das Selvas, foi, também, capaz de enfrentar todas as incertezas e dificuldades da vida. E não serão robôs ou games – ou essas guerras e heróis mecanizados – que levarão a algum lugar especial. Tarzan leva! E o seu é um mundo no qual fantasia e realidade de tal forma se misturam que a própria vida se torna encantadora. Ilusões? Sim, ilusões. Mas quem vive sem elas?

Guardo, até hoje, livros de Tarzan. Eles são parte de minha história. Pois – creiam, ó, meninos – eu fui Tarzan! A cada filme a que eu assistia, mais me tornava Tarzan. E Cidinha – enteada de Dona Rosa, dona do Hotel Lago – era a Jane. E meu inesquecível Guto – amigo que morreu tão precocemente mas ainda vive em meu coração – era o Boy. Nossa Sheeta, a macaca, era um cachorrinho vira-lata. E os imensos quintais do Hotel Lago, a nossa selva, a nossa Tanzânia. O hotel ficava na rua São José, onde, atualmente,se encontra aquele tal de Simples, sei lá o que é isso.

Usar só uma tanga, subir em árvores, amarrar cordas nos galhos inventando fossem cipós, ou mergulhando da cascatinha da Esalq escorregando de cipós verdadeiros – “Me Tarzan; You Jane”. Fazer de conta que gatos e cães eram tigres e leões que teríamos que vencer. Por Jane, eu me arriscava a enfrentá-los e até carrego um trauma por causa disso. Para defender Cidinha, aliás, Jane, eu cutuquei um gato acuado no forro de um galpãozinho, o grande adversário salto no pescoço do Tarzan, miando feio e arranhando. Tarzan, pelo resto da vida, desistiu de brincar com gatos.

A volta de Tarzan significa, também, a volta de parte de mim mesmo. Pois, com ele, retorno ao Tarzan que fui na infância, um Tarzan que quebrou o nariz ao mergulhar numa piscina rasa demais; um Tarzan que fraturou um braço e depois uma perna – ambos à esquerda – por saltar de galho em galho, sem dar-me conta da lei da gravidade.

Mas, na verdade – da mesma forma como 007 só pode ser o Sean Connery – o único Tarzan verdadeiro, rei das selvas, homem-macaco, foi o imortal Johnny Weismuller. Eu nadava sem parar para fazer como ele, para ter os músculos dele. E gritava até ficar pouco para conseguir imitar o grito de Tarzan, o grito insuperável e inimitável que era ouvido por toda a selva.

Cidinha, Guto, eu e o cachorrinho  – aliás, Jane, Boy, Tarzan e Sheeta – vivemos as mais belas fantasias de infância. Que nos acompanharam como adultos. Agora, com o retorno de Tarzan, meu desejo seria reencontrar Cidinha, ressuscitar Guto, encontrar outro cachorrinho – para começar tudo de novo. Bom dia.

1 comentário

  1. Roberto Luccas. em 15/04/2014 às 02:28

    Que legal, também tenho coleção dos gibis de Tarzan. O Tarzan da minha infância foi Gordon Scott , mas o meu preferido é o do gibi.” Pois – creiam, ó, meninos – eu fui Tarzan! ”
    Eu , querido Cecílio Elias Netto , continuo sendo Tarzan.abs.

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