O mundo gira.

Quase sempre, quando se fala do antes, comenta-se apenas sobre o que foi bom, esquecendo-se de contar o que havia de ruim. E mania de quem não entende ou não quer entender o que está acontecendo.

Vejamos o Natal, as festas de fim de ano, por exemplo. Até há bem poucos anos, era, o Natal, uma festa, realmente de inspiração cristã, com posturas cristãs. Havia um espírito natalino de reflexões, de orações e, dentro dele, muito de tristeza, feita de arrependimentos e de obrigações e deveres não cumpridos.

A própria ceia de Natal era diferente, mais comedida, quase morigerada, mesmo onde era lauta e abundante. Não havia grandes bebedeiras no Natal, que ficavam para o “réveillon”, então conhecido como passagem do ano ou Ano Bom. As coisas foram mudando, mudando. Porque têm que mudar, as coisas mudam. E, agora, depois de tantas lamentações e saudosismos, parece-me que o Natal encontrou o seu novo caminho: uma festa familiar, um reencontro de pessoas, tirando o seu aspecto comercial e consumista. Ora, até esse consumismo parece ter sentido no Natal: as pessoas – amigos entre si, a família como um todo – se presenteiam, lembram-se umas das outras, querendo mostrar que se gostam.

Natal, uma festa da família, eis como estou vendo-o consolidar-se, mesmo que a figura de Jesus Cristo continue sendo esquecida. Ou será que não é por aí, no encontro da família, que Jesus Cristo se faz mais presente, muito mais do que nos templos, nos ritos e nos cultos que obedecem a normas pré-determinadas?

Em compensação, o réveillon passou a ser o momento da pessoa como indivíduo. Quase não há, mais, “réveillon” em família: é a festa dos amigos, da grande alegria, das grandes farras, e um pré-Carnaval. Os filhos se vão para outros encontros, casais ou ficam a sós ou buscam outros casais amigos. E estranhos se confraternizam entre si, basta o relógio anunciar a meia noite. Quem nunca se viu está se beijando; quem nunca se encontrou está se abraçando. Acho que isso é o que chama, realmente, uma festa universal, um desejo coletivo de paz.

Pelo que andei, pois, ouvindo e bisbilhotando, as coisas parece que vão encontrando os seus rumos, os seus acertos. Basta olhar o mundo com otimismo e esperança para descobrir que ele não gira para trás. E bom dia.

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