Papel da imprensa de papel

Por imprensa, dever-se-ia entender a comunicação apenas impressa, a do papel. No entanto, a palavra se estendeu a todos os meios de comunicação social. Assim,passou a existir a imprensa escrita, imprensa falada, imprensa televisiva e, agora, também a imprensa da internet. E novas e outras formas de comunicação social, incluindo redes sociais, blogs.

Nos Estados Unidos, importantes jornais e revistas – como ocorreu recentemente com a celebra “Newsweek” – abdicaram de sua versão impressa, fortalecendo-se na comunicação digital. Nestes dias, no Brasil, o “Jornal da Tarde” – que fez uma revolução no jornalismo brasileiro, tanto na forma como no conteúdo – deu-nos o seu melancólico adeus, fechando as portas para o Grupo Mesquita fortalecer o “Estadão” e seus veículos eletrônicos.

Estaríamos, assim, diante da possível morte dos jornais e revistas impressos? Acredito que muitos morrerão, desaparecerão, mas que o jornalismo impresso – bem como livros e revistas de papel – permanecerão. Desde, porém, que se renovem, que se reciclem, que entendam suas novas responsabilidades e funções. Como se fosse um destino, jornais sobreviverão se voltarem a fazer o verdadeiro e original jornalismo: que é o participativo, o da reflexão, o da opinião, da investigação, de posicionamento crítico diante dos poderes e em favor dos interesses da sociedade a que se dirige.

Se, antes, o “furo” – dar a notícia em primeira mão – era orgulho e objetivo dos jornais, a notícia, hoje, perdeu importância no jornalismo impresso, que é o último a fornecê-la. A notícia se propaga instantaneamente: pela rádio, pela tevê, pela internet, pelos jornais eletrônicos, blogs, redes sociais. O que importará, ao novo leitor – que será especial como o de antigamente – serão a opinião, a interpretação sobre as consequências do ocorrido. Nesse sentido, o jornalismo impresso voltará a ter o seu significado profético, que é o de “ver antes, enxergar primeiro”. E expor e propor.

Jornais impressos sobreviverão e terão importância fundamental na formação da sociedade brasileira – seja nas cidades, seja em todo o país – de conformidade com sua capacidade participativa, de sua competência e honestidade analíticas. O leitor – já sabendo da notícia por outros veículos – irá em busca de aprofundar-se nela, de buscar mais informações, mais profundidade de entendimento. A velha regra jornalística voltará a valer: a velocidade é inversamente proporcional à profundidade. Quanto mais veloz a informação – rádio, tevês, internet – mais superficial ela será. Quanto menos veloz – portanto, mais medita, mais refletida – mais profunda será. Assim, o jornal diário terá mais profundidade do que o informe da tevê; o semanário e a revista, ainda mais do que o jornal. E, finalmente, o livro será a palavra final dos acontecimentos. “A sangue frio” – celebrado livro de Truman Capote – nasceu da notícia de um crime. E se transformou numa obra de arte de jornalismo investigativo, literário.

O papel da imprensa de papel – por paradoxal pareça – está em retormar as suas origens, quando era o de muito mais propagar idéias, promover debates, propor investigações, fazer denúncias, do que de divulgar notícias. Nesse sentido, não haverá lugar nem espaço para mediocridades. Jornalistas terão de voltar a ser o que eram: intelectuais, pensadores, escritores, pessoas de cultura. E não simples redatores de notícias, escrevinhadores de agendas. A credibilidade, honestidade, cultura e sabedoria dos componentes de uma redação voltarão a ser referenciais da população que, antes de mais nada, confia na honestidade e na competência de jornalistas. O tamanho e o poder dos jornalões não terão importância alguma se não se revestirem dessas qualidades que, na verdade, sempre foram uma missão. Um jornalzinho de bairro honesto e inteligente, terá mais valor social do que jornalões apenas comerciais. Bom dia.

1 comentário

  1. Isabeau Dante em 10/02/2015 às 11:33

    Eu acho vergonhoso o papel da Imprensa Brasileira, não informam corretamente, não educam, não falam a verdade. Que vergonha ler jornais onde “jornalistas” só faltam lamber os pés desse governo corrupto. Vocês deveriam informar a população, são formadores de opinião, explicar corretamente o que se passa de fato neste país! Ou os senhores não são brasileiros? Estamos fartos de mulheres nuas, de matérias para lesar ainda mais as pessoas, de programas que trazem vergonha aos lares, de pornografia barata em novelas e mini séries. Os senhores não tem pai, mãe, irmã, filhas? Vergonha, imprensa marrom e vendida, falem a verdade, mostrem ao povo quanto é de fato o rombo desse governo, falem sobre os impostos altíssimos e os péssimos servidos que recebemos em troca, falem sobre o aumento abuso de gasolina, luz, água, entre outros. Façam algo útil, é para isso que os senhores estão em seus postos, ou não? Representem a população, chega de vender a alma ao diabo, porque se este país virar comunistas, os senhores serão os primeiros a ter as suas bocas amordaçadas, ou já estão? Estou farta, estou envergonhada, e os senhores como se sentem diante de tudo isso? Meu e-mail está aí, eu gostaria de receber ao menos uma resposta, se é que alguém se interessa pelo povo brasileiro.

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