Para não falar que não…

Politicamente corretoQuanto mais as coisas acontecem, mais me agonio com as revelações – que me espantaram – do livro “Clube Bildeberg”, ao qual lá vou eu, de quando em quando, me referindo. Juro que tentei, espicaçando minha própria razão e exigindo da inteligência, acreditar se tratasse de um livro com teorias conspiratórias. No entanto, fatos, acontecimentos, registros, documentos, provas são tão gritantes que não há como deixar, penso eu, de acreditar em sua amarga realidade. Por fim, eu preferiria fosse ficção. De tão angustiante. Mas não é.

Tomei conhecimento do livro – respeitando-o desde o início – através do casal de intelectuais que o traduziu para a editora brasileira. São amigos queridíssimos e de honradez intocável. Eles me falavam da obra, de como foi massacrada pela imprensa e, finalmente, a pressão para que nunca mais fosse reimpresso ou reeditado. O fato é que o livro desaparecera de editoras, livrarias. A fome de querer lê-lo foi tanta que me transformei em verdadeiro garimpeiro de pedras preciosas e, por fim, encontrei o livro num pequenino sebo de Goiás. Até o livro chegar, pensei fosse adoecer de ansiedade. E, quando chegou, quase adoeci de angústia.

O “Clube Bildeberg”, o livro, denunciou praticamente tudo o que estamos vivendo e presenciando: grupos, oligopólios, globalizações, tentativa de governos universais únicos, a criação da União Européia, a escolha de presidentes das grandes nações a partir de interesses globais, de Margareth Tatcher e Ronald Reagan para comandar o neoliberalismo, o consenso de Washington, o pensamento único, o dinheiro de plástico, a ficção das bolsas de valores. E, enfim, o massacre da humanidade em favor da economia controlada por poucos. Na verdade e se bem pensarmos, as democracias – conforme estão estruturadas – serviram para atender à economia capitalista, já que se transformaram em regimes sem regras nos quais se confundiu a verdadeira liberdade, responsável e decente, com a liberalidade que fortalece domínios de alguns. Veja-se o que Obama está sofrendo nos Estados Unidos, tachado de comunista e de muçulmano apenas por pretender uma nova justiça social.

Pois bem. O pensamento único – concebido, gerado, parido em Washington – precisou de um suporte a que se deu o nome de “ações politicamente corretas”. Ora, se o homem insistisse em ser plural, universal, que controle poderia haver sobre ele? Para onde iriam as religiões, os dogmas, os partidos políticos, as ideologias? Agir “politicamente correto” é subordinar-se, acarneirar-se, sujeitar-se à uniformização da vida e, portanto, matando a criação humana, a universalidade, o direito de pensar, de refletir, de escapar ao uniforme intelectual coletivo. O “politicamente correto” não permite e nem concebe a discordância, o confronto, a divergência, frutos da razão e da vontade que, portanto, não sabem viver com ditaduras, sejam elas quais forem. E, nestas, há, também, a ditadura de certos setores da imprensa que, em nome de uma falsa liberdade, impõem regras, idéias, conceitos, estilos de vida que interessam, na verdade, a isso que, pelo menos de minha parte, posso chamar de “Clube Bildeberg”.

Veja-se, como exemplo aparentemente infantil, a campanha do neoliberalismo para descriminalizar a maconha. Quem são os papas, defensores da idéia e da proposta, em nível mundial? Entre eles, alguns dos pilares do neoliberalismo, intelectuais forjados pelos “Himmlers do clube”, como Fernando Henrique Cardoso e Mário Vargas Llosa, os ex-presidentes da Colômbia e do México, também neoliberais, César Gavíria e Ernesto Sedillo. São homens do “clube”.

Isso posto, chego ao fim. Escrevi apenas para falar que não falei da estupidez, da burrice, da inocência útil de tolos brasileiros que, em nome do “politicamente correto”, chegaram, agora, a Monteiro Lobato, vendo racismo em sua obra. Até quando irá essa besteira de policiar a linguagem, de ver preconceito mesmo na beleza negra das asas da graúna? Já mataram uma das obras mais belas da humanidade, que acompanhou muitas gerações: “A cabana do Pai Tomaz”, de Harriet Stowe, mais do que centenária, narrando os conflitos raciais no Mississipi. Agora, a negra Nastásia? E a mãe preta, que forjou tantas gerações de brasileiros, homenageada em telas, esculturas e praças públicas – onde foi? Querem matar tudo. Para dar lugar, entre outros, a um feriado ridículo e esdrúxulo a que se deu o nome de “Dia da Consciência Negra”. Qual é a outra cor da consciência? Ora, seria bom que, pelo menos, se esforçassem para ser menos tolos. Bom dia.

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