Poluição visual oficial

Poluição oficialÉ estranho que ainda se discuta, depois de aprovada, a lei que determina despoluição visual causada pelo pouco caso de algumas casas comerciais com a população. E mais estranho, ainda, que se pretende prorrogar o prazo legal para a adaptação à nova lei, pois ou se fazem leis para serem cumpridas ou se para de brincar de legislar. Quando vereadores defendem mudanças antes mesmo do funcionamento de dispositivos legais, parece haver algo no ar que não cheira bem. Que desculpas pode dar um comerciante por, até agora, não ter providenciado mudanças na poluição visual feita, já que não pode nem deve alegar ignorância da lei? E por que vereadores há que defendem o jeitinho, o relaxamento legal, a desmoralização de dispositivos por eles próprios aprovados? Como já o disse Shakespeare, “há algo de podre no reino da Dinamarca.”

Piracicaba, no início do século 20, foi considerada uma das cidades mais limpas do Estado de São Paulo, graças à atuação de um intendente do porte de Aquilino Pacheco e de Câmara Municipal, com função legislativa, que tinha lideranças fortes e magnânimas como a de Paulo de Moraes Barros. Aliás, na década dos 1920, quando Paulo de Moraes Barros chefiava a administração municipal, o jornal “O Estado de São Paulo”, em editorial, considerou Piracicaba a cidade exemplar em administração pública, merecendo ser imitada pelo restante do Brasil.

É claro que já não se fazem mais homens públicos como antigamente e argutos pensadores já observavam, no final do século passado, que passara, no mundo todo, a época dos grandes homens, substituídos por lideranças medíocres. Onde estavam os novos Churchill, De Gaulle, Roosevelt, Kennedy, Getúlio, Juscelino? Mesmo em Piracicaba, onde estavam os novos Luciano Guidotti, Salgot Castillon, Samuel Neves, Cassio Padovani? Quando o povo aceita mediocrizar-se, as suas lideranças automaticamente se fazem também medíocres. Basta ver a relação de candidatos a deputados às próximas eleições para se constatar o acinte e o menosprezo que se fazem à democracia e ao país. Supor qualquer legislativo com um Tiririca, um Marcelinho Paulista, uma Mulher Melancia ou algo que o valha, é imaginar o pior, mas, também, nada mais do que aquilo que merecemos.

O que espanta, em Piracicaba, em relação à lei que intervem na poluição visual é saber e constatar, sem que ninguém se dê conta, que a maior poluidora da cidade é a própria Prefeitura, com seus imensos cartazes anunciando qualquer obra, por menor seja, e, logo em seguida, outros para informar que a obra está concluída. Ora, se está concluída para que a divulgação permanente? Que autoridade moral terá a Prefeitura para multar e punir infratores da lei se ela própria é a primeira a semear sujeiras? Shakespeare diria que há, também, algo de podre no reino de Piracicaba. E não é preciso ser muito inteligente para saber-se o que é. Bom dia.

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