Ruas contam a história
Quem, afinal de contas, foi Torquato Leitão, nome de rua? E dr.Paulo Pinto? E dr.Paulo de Moraes? Os nomes de ruas contam a história de uma cidade e, no entanto, gerações se sucedem e as pessoas não sabem quem foram homens e mulheres homenageados com nomes de ruas. Quem foram Dona Lydia, Jane Conceição, Dona Francisca?
O centro de Piracicaba – faça-se um retângulo entre dr.Paulo de Moraes e Regente Feijó, entre Tiradentes e Benjamin Constant – é uma história viva da Igreja, da Monarquia e da República, tempos que os piracicabanos viveram e quiseram manter vivos na memória. Temos lá, como respeito dos católicos, a Praça da Catedral, a rua do Rosário, a rua da Boa Morte, a rua Santo Antônio, a rua São José. Temos a monarquia: Praça José Bonifácio, Regente Feijó, Tiradentes, Alferes José Caetano, D.Pedro I e D.Pedro II, Ipiranga, 13 de Maio, Voluntários da Pátria (Guerra do Paraguai), Riachuelo. E a República, com ruas Moraes Barros, Prudente de Moraes, 15 de Novembro, Benjamin Constant, Governador Pedro de Toledo, Floriano Peixoto, outras que, de pronto, não memorizo.
O que, no entanto, estou querendo dizer – pela centésima vez, acho eu – é que toda essa história piracicabana, incluindo a de nossos tempos, poderia ser contada de maneira simples, didática, pedagógica e fácil: apenas fazendo referência ao homenageado. Um simples exemplo: Paulo de Moraes – Paulo de Moraes Barros, político e ex-prefeito de Piracicaba. Ou: Dona Lydia – Lydia de Rezende, líder feminista da família do Barão de Rezende e filantropa. São simples indicações que, no entanto, teriam o poder de instigar a curiosidade da população e despertar, certamente, o interesse por conhecer os que são parte de ou que fizeram a nossa história.
Há bairros com ruas que têm nomes de flores, iniciativa poética e meritória. Outros,com nomes de cantores ainda conhecidos mas que, com o passar do tempo, cairão no esquecimento. Por que não identificá-los logo à colocação das placas? E assim fazer à medida que se vão dando nomes às ruas em homenagem a falecidos. Ainda se sabe quem foram Mário Dedini, Luciano Guidotti. Mas há, ainda, quem se lembre de quem foram e o que fizeram Samuel Neves, João Bottene, figuras notáveis de nossa história?
Piracicaba transpira história. Mas deixou de respirá-la. Isso pode significar o início de nossa morte espiritual, o declínio da memória, a perda da identidade. Se deixarmos de saber o que fomos e o que somos, o que seremos? Bom dia.
Concordo. Há algum tempo vi e algum lugar que um piracicabano estava pesquisando sobre as personalidades piracicabanas que dera nome às nossas ruas, mas nunca mais encontrei nada. Gostaria muito que isso realmente acontecesse.