Sandices
Os acontecimentos levam-me a, cada vez mais, acreditar nas advertências e nos temores divulgados pelo livro “Clube Bildeberg”, sobre o qual, nos últimos tempos, tenho feito referências constantes. Cheguei a pensar fosse apenas mais uma teoria conspiratória, mas o volume de provas, revelação de fontes, citações é de tal forma respeitável que os receios aumentam. E os acontecimentos parecem confirmá-los.
O livro – que não foi reeditado e teve sua divulgação cerceada – mostra todo um sistema de influências e de acordos, entre governos e empresas de vultosos capitais, para o domínio completo do Planeta, a subordinação dos povos e nações, os esforços para a construção de um governo único – através da ONU ou outra organização a ser criada – com um só exército, uma só moeda, uma só religião, e os esforços para uma só língua oficial. Está acontecendo desde a influência de Margaret Tatcher e de Ronald Reagan, desde o Consenso de Washington, a consolidação agora estremecida do neoliberalismo, a globalização econômica surpreendida pelo crescimento inesperado dos chamados países emergentes.
Ora, nem um simples buraco de rua ou um encanamento estourado na calçada podem ser reparados sem se levar em conta a influência da economia mundial. Uma forte oscilação na bolsa de valores, um estouro de bolhas, quedas ou altas artificiais nos preços de barris de petróleo, um bombardeio influem, imediatamente, na economia mundial, sem que prefeitos e vereadores percebam. Política é, na verdade, para estadistas, o que faz lembrar a diferença entre estes e os medíocres: estadistas plantam carvalhos, políticos oportunistas plantam couves.
Nessa tentativa de homogeneização global, os esforços de destruições culturais, étnicas, a guerra insana para profanar o que é sagrado para povos e nações parecem não ter limite. É um erro fatal, pois não houve, na história, tiranos ou conquistadores que tivessem conseguido impor a própria cultura aos conquistados. Quem tentou foi derrotado. E as sandices que, em nome do Estado Laico, se cometem entre os países mais poderosos, agora incluindo o Brasil, resultarão em conflitos cada vez maiores. Quando o laico investe sobre o sacro, quando o profano tenta violar o sagrado, os resultados são catastróficos. Pois todas as nações – sejam de quais quadrantes forem – nasceram, primeiramente, de um espírito religioso de seus povos. Desde as cavernas. E se o mundo democrático soube separar religião do Estado, o que é um bem, não conseguirá mudar, a não ser pagando altíssimo preço, a consciência moral e religiosa dos povos.
A França tenta impedir o uso da burca por muçulmanos e tenta vedar símbolos religiosos; a Suíça proíbe a construção de minaretes; o Brasil já dá mostras de querer intervir nas raízes espirituais de nossa gente; o Oriente está ensangüentado por lutas religiosas e conflitos entre fanáticos e fundamentalistas. São sandices, contradições que levarão a desequilíbrios cada vez mais amplificados e violentos. Quem impedirá que o Dalai Lama freqüente lugares públicos com seus trajes, seus gestos, seus símbolos? Quem irá exigir que os Estados Unidos extirpem de seu hino nacional, de sua moeda, de sua constituição a frase “In God We Trust”? Quem exigirá que Israel tire, de sua bandeira, a Estrela de Davi?
São sandices atrás de sandices, ainda maiores por, na verdade, serem gratuitas ou fazerem parte do que foi denunciado no livro “Clube Bilderberg”. Quem irá punir jogadores de futebol, que fazem o sinal da cruz antes de começar o jogo, depois, quando marcam gols? E o Cruzeiro do Sul, quem o tirará dos nossos céus estrelados? E padres e freiras, com suas vestes simbólicas, não mais poderão freqüentar lugares públicos? E as cidades, começando pela maior do Brasil, São Paulo, terão que mudar de nomes?Pois são centenas e centenas de cidades com nomes de santos: Santo Antônio, São José, São Bento, Santa Maria, São João, São Pedro, tantas outras denominações de santos. E a Padroeira do Brasil, deixará de sê-lo em nome de um Estado Laico que não tem noção da própria laicidade?
Há mais coisas a fazer do que essa estupidez em confrontar o profano e o sagrado. Antes de se tocar no intangível, há que devolver a moralidade política que o país perdeu. Brasília é mais perniciosa do que símbolos religiosos, pois símbolo vivo e maldito da corrupção total.
Qualquer estudante de ciências humanas, conhece as profundas raízes espirituais dos povos, desde os mais primitivos indígenas conhecidos e não conhecidos. O Estado Laico, a partir das sandices que são discutidas sem aprofundamento de valores humanos, nada mais faz do que substituir o sagrado pelo profano. Antigamente, os migrantes, os viajores, os caminhantes se norteavam – na busca de povoações e de comunidades humanas – pelo campanário das pequeninas capelas, pelos sinos. Hoje, o “Clube Bilderberg”, pelo visto, está oferecendo a alternativa do materialismo desenfreado mas necessário para a cupidez dos poderosos: trocou-se o campanário pelas torres dos shoppings, únicos indicativos do deus mercado.
Em Dubai, está o mais vivo testemunho da sandice humana, no prédio com mais de 800 metros de altura, repetindo a loucura bíblica da torre de Babel, a que desejou alcançar os céus. A confusão e o separatismo começaram com a velha Babel. E não aprendemos nada. Bom dia.