Sexo e novidade

picture (4)Ando com vontade de sair por aí e ficar perguntando a cada pessoa com quem me encontrar: “Em que forma de sexo, de que qualidade, com quem, você está pensando agora, nesse exato momento?” E me explico: estou assustado. Quase não há veículo de comunicação, programa de televisão, revista, publicidade, “shows”, espetáculos, filmes comerciais, piadas, anedotas, brincadeiras, conversa em que não se fale de sexo.

A impressão que me fica é que sexo é novidade, algo que nunca existiu em tempo algum, uma descoberta nova, recente e, portanto, momentosa. Ora, pelo que eu sei – mas posso estar absolutamente enganado – a sexualidade humana existe desde que aqueles dois, Eva e Adão, se viram frente à frente. Meus tetravós, bisavós, pais, tenho certeza absoluta de que tiveram vida sexual, que conheceram o sexo – e isso me dá certeza, alguma certeza, de que, portanto, sexo não é novidade. Ou estarei enganado? Pois é esse o meu receio: que eu esteja enganado.

E, na verdade, acho que estou mesmo, pois isso que tenho visto por aí – e não sou puritano ou moralista, mas homem que gosta de amar – nada tem a ver com a beleza da sexualidade humana. Trata-se de deturpações, de enfermidades, de obsessões que, além de banalizarem um dos dons da vida, reduzem a pessoa humana a uma condição menor, apenas genitalista. Pergunto-me: quem já não está enjoado de ver mulher ou homem pelados, mulher e homem transando — esse, agora, é o nome que se dá àquilo que, antigamente, se dizia uma expressão de amor — em todas as posições possíveis e até mesmo impossíveis?

O que há de novo em matéria pornográfica, qual novidade, que abordagem diferente? Se a intensidade da vida sexual fosse realmente um sentido de vida, o que seria das crianças e dos anciãos, teriam deixado de ser gente?

Pois são justamente eles, crianças e velhos, os que detêm os segredos da maravilha de viver, com o olhar de sabedoria e de transparência com que vêem a vida e o mundo. Estou chegando à conclusão — que pode ser muito mais intuitiva do que racional — de que essas pessoas que vivem sexo, que respiram sexo, que apenas buscam sexo, que só vêem sexo, são, antes de mais nada, seres humanos infelizes, incomunicativos, solitários e tristes.

Sexo é um bem — dos mais belos dados ao ser humano — que se realiza na alegria, na paz, na afinidade, no amor, no desejo bom e generoso entre homem e mulher. (Falei, propositadamente, de uma relação heterossexual. Nada tenho contra homossexuais – entre os quais tenho amigos que respeito – pois posso entender questões pessoais, individuais. O que não entendo é a moda, a onda, a voga dessa homossexualidade coletiva, promíscua, que busca escandalizar pessoas.)

O homossexual, por escolha e opção, quase sempre é discreto e respeitável, por isso merece respeito. Mas não consigo dizer o mesmo em relação a esse festival de “bichice” desvairada, escandalosa, agressiva que parece estar ocupando todos os espaços. A visão sexual do final do século passado e da primeira década deste parece estar uma enfermidade. Vivemos um tempo em que estamos destruindo tudo. E, pelo visto, estamos próximos de destruir esse dom e esse bem que é a sexualidade humana. Sem encantamento e magia, sexo não passa de uma triste e infeliz banalidade, de fuga para lugar nenhum, de um equivoco melancólico. Ah! Já não se faz mais sexo como antigamente, que pena! Quem não sabe como era não sabe, também, o bem que perdeu. E bom dia.

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