Solidariedade humana.

Minha dificuldade está, há muito tempo, em saber o que significa essa tal de coletividade. Pois descobri que, quanto mais se fala dela, mais ela se mostra a verdadeira abstração que é.

Acho que estamos pagando o erro e o pecado de, ao longo das décadas, insistirmos em “bem da coletividade”, “valores da coletividade”, permitindo, assim, que se esmagasse e fizesse desaparecer a pessoa, o indivíduo.

Passei, assim, a ter horror de homens – sejam eles políticos, sejam religiosos, sejam figuras públicas – que se dizem preocupados com a coletividade. Ninguém pode amar – e preocupação é uma forma de amar – o que não conhece, o que não sabe o que é. Quem sabe o que é coletividade, que forma tem, como age, o que pensa?

Trata-se de uma abstração, de algo difuso, puramente teórico. O importante são as pessoas, cada pessoa. E é delas que acabamos descuidando, de cada um em particular.

Não há forma ou solução política que permitam uma pessoa venha a ser feliz. Serviços públicos são outra coisa, outra dimensão, talvez a menor de todas.

Ficamos viciados em preocupações com o coletivo, isso a que se chama de social. Pois bem: o social é o grande problema, pois criamos sociedades e não comunidades. Sociedade é uma coisa, comunidade é outra. É nas sociedades que se fala de coletivo, de coletividade. Nas comunidades, fala-se de pessoas, de grupos de pessoas. Isso, deixamos de fazer, deixou de ser preocupação prioritárias.

Estou absolutamente convencido de que a saída – não apenas em Piracicaba, mas em nível nacional e mesmo universal – está na solidariedade pessoal. Cidades, Estados, Nações, Países, isso são abstrações. O real, o concreto, o verdadeiro são a pessoa humana. É por isso que, hoje, valorizo, mais do que nunca, a simples esmola. Há pessoas morrendo de fome, porque, cruel e racionalmente, andamos pregando que, ao invés de dar o peixe, deve-se dar a vara de pescar. Isso é hipocrisia, comodismo talvez. As pessoas estão precisando de esmolas, última possibilidade que têm de sobreviver. E esmola não significaria apenas um pedaço de pão ou dinheiro, mas, especialmente, um gesto de solidariedade, de respeito, de atenção, de simples humanidade. Isso não é postura cristã não, pois ando perplexo com o Cristianismo. É apenas solidariedade humana.

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