Tropa de elite liquida Unimep

picture.aspxA Igreja Metodista – por sua cúpula diretiva – parece, realmente, ter renunciado a qualquer compromisso com seu passado histórico, tornando-se, apenas, mais uma instituição do mercado da fé, como tantas outras seitas e igrejas por aí existentes. Há uma minoria brilhante e consciente da essência do Metodismo de Wesley, que tanta contribuição trouxe e traz à formação cristã do homem. No entanto, derrota em concílios e conclaves, essa minoria lúcida parece destinada a apenas presenciar a derrocada de uma igreja e de uma universidade, transformadas em simples peças de mercado.

Certamente, não há ninguém, nesse metodismo de mercado, tão disponível e eficiente para tal serviço quanto Davi Barros, um homem capaz de todos os acordos, de todas as manobras para impor um projeto que, hoje, se torna absolutamente claro: o lucro com a fé e com as instituições religiosas. Especialmente o lucro com o chamado “sistema metodista de ensino”, que se torna apenas um peão no grande tabuleiro do xadrez da educação privada no Brasil. Davi Barros não tem limites, pois se considera um “servo do Senhor”, igualmente àquele vendedor de seguros de vida que foi levado, até recentemente, à presidência do Conselho Diretor do IEP. Foi formidável o esforço intelectual de acomodação feito pelo conselheiro e vendedor de seguros: enquanto a Igreja promete a vida eterna para os seus fiéis, ele vendia seguros para manter crentes cada vez mais vivos e com saúde aqui na terra. Ou seja: ir para o céu, sim, mas com seguro de vida.

Foi escandaloso o acerto feito por Davi Barros com a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, a ACIPI. Não por ser a ACIPI ou por ter sido feito com o atual presidente da associação, velho amigo de Davi na mesma Unimep da qual, coincidentemente, foram antigos batalhadores o atual Presidente da Câmara, João Manuel, e Barjas Negri, o Prefeito. Davi Barros sente-se em casa. Especialmente porque o diálogo fica mais fácil entre os que crêem nas mesmas coisas, no mercado como força propulsora da dignidade humana, parece ser essa a falácia. Não por isso foi escandaloso o acerto, mas escandaloso pela mediocrização do espírito da universidade, pela negociação de mercado, pela transformação de valores em preços. Davi Barros não desenvolve valores na Unimep. Ele, apenas, ajusta preços e custos. E dá descontos para competir não com outras universidades, mas com colegiões que abundam por aí.

Ora, a Unimep está em seus estertores e Davi Barros sabe disso, com os seus próprios cargos e grupos postos em xeque pelo fracasso da proposta feita e da administração equivocada. Davi Barros tenta uma outra saída, com nova farsa, com mais falácias, com o mesmo discurso enganador e com subterfúgios medíocres. Fazer convênio com a ACIPI para reduzir mensalidades e taxas é uma confissão pública de desespero, de consciência de que os próximos exames vestibulares irão marcar o princípio de um fim melancólico que apenas será evitado se a Igreja Metodista tomar-se, novamente, dos brios seculares e colocar em seus devidos lugares os aventureiros e manipuladores da fé.

Por que não baixar as mensalidades para todos e não, apenas, para os conveniados com ACIPI? Por que não renunciar à condição de universidade e confessar, de público e honestamente, que o projeto é a criação de colegiões, de simples faculdades, sem compromisso com a pesquisa, com a extensão e responsável apenas por um ensino mediocrizado?

Piracicaba é responsável pela existência da Unimep pois, mais do que a Igreja Metodista, foram as forças piracicabanas que se aliaram, no princípio de tudo, a Chrysantho César e a Richard Seen para realizar o sonho de uma universidade, não o de colegiões ou de fonte mantenedora de igrejas ou de emprego à comunidade dos crentes. Quando Davi Barros teve o atrevimento despudorado de impor que candidatos a um emprego técnico provassem sua filiação ao metodismo, mostrou a que nível de preconceito e de facção ele pretende levar a antiga UNIMEP.

É uma liquidação de fim de ano. Resta saber se Davi Barros e seu grupo terão forças para ainda comandar essa tropa de elite que violenta a Unimep.

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