Um líder solitário

picture (27)A PROVÍNCIA foi o primeiro veículo, ainda outra vez, a protestar contra o desrespeito que políticos continuam a tratar Piracicaba, como se fôssemos uma cidade e um povo que servem apenas como apêndice dos interesses eleitorais do governo de São Paulo, aliado à Prefeitura. A construção de um novo presídio em nossa cidade é um acinte, um outro tapa na cara que recebemos da arrogância do PSDB, incapaz de se voltar ao social, mas sempre guloso de obras nem sempre justificadas e sempre servil aos interesses do tucanato em nível estadual e nacional.

A submissão da Câmara de Vereadores é um desses escândalos que apenas aumentam a crescente onda de indignação dos brasileiro diante de um Poder Legislativo cabisbaixo às ordens do Poder Executivo. Quando do primeiro protesto contra essa infâmia do Governo Serra, mais uma, contra Piracicaba, tentamos sensibilizar a Câmara, apelando para a influência do vereador Capitão Gomes, que se mostrava disposto, ao que parecia, a retomar a seu velho estilo e antigos princípios, tentando moralizar uma casa que, como suas congêneres no país, se desmoralizou por si mesma. Foi inútil, pois o vereador Capitão Gomes – sendo o verdadeiro comandante da mesa diretora da Câmara – parece, mesmo, tocado pela política de grupos e de bastidores.

O PT, como partido político e de oposição em Piracicaba, tem sido um fracasso quase absoluto nos últimos anos, com lideranças perdidas e alquebradas, lamentável situação que se acentuou com a renúncia de José Machado a se compromissar com Piracicaba, a terra que lhe deu prestígio político e força eleitoral. O PT ficou órfão. E usamos o verbo no tempo passado pois parece que começa a ressurgir, ainda que solitariamente, com a liderança de seu único vereador, esse Quixote das causas populares, José Fernandes Paiva, o “Paiva do Sindicato.”

Paiva – injustiçado em outras eleições, quando não conseguia votos necessários para se eleger – começa a ocupar espaços vazios e a assumir a liderança não apenas de um partido, mas de uma oposição que ficou combalida e sem apetite. É ele que, ao contrário de seus pares, sentiu e captou a indignação popular contra esse descaso do governo estadual, trazendo para Piracicaba uma outra “fábrica de criminosos”, como o Ministro da Justiça, Tarso Genro, qualificou os presídios brasileiros. Piracicaba não é terra para alimentar bandidos, nem mesmo é terra para suportar tão maus e gananciosos políticos que se esqueceram de que, na realidade, são servidores e representantes da população.

José Fernandes Paiva assumiu a condição de líder solitário, mas já ganha apoio dos mais diversos setores da sociedade piracicabana, fortalece-se, recebe estímulos, consegue ocupar o vazio total de oposição, tornando-se, cada vez mais, um legítimo e verdadeiro representante da população. Parece que a hora de Paiva chegou, mesmo porque outros que puderam assumir lideranças fortes renunciaram a essa missão. Com a morte de João Herrmann Neto, tudo indica que José Fernandes Paiva passa a ser o único herdeiro de lideranças populares em Piracicaba. A sua luta para impedir que Piracicaba tenha mais uma escola de bandidos – ofensa que parece não preocupar o prefeito – pode desencadear uma série de reações positivas, de manifestações que acabarão, inevitavelmente, levando ao questionamento da população quanto à serventia da Câmara de Vereadores e, mais ainda, quanto aos altos salários, benesses, privilégios, excesso de benefícios e de assessorias que estão provocando, em todo o Brasil, uma onda de repúdio a políticos medíocres e espertos.

Seria necessário, mais do que nunca, Piracicaba começar a refletir sobre os seus políticos, sobre obras que se multiplicam sem que se entenda a razão delas, sobre uma filosofia de governo que privilegia pontes e rotatórias ao ser humano, à educação, à saúde, à segurança. Com uma simples enquete abrimos outro espaço para a população se manifestar. Paiva, líder solitário, pode não estar tão solitário como parece. Bom dia.

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