Universidade e mediocridade

picture.aspxA Unimep – entendendo o Brasil apenas como mercado – começa, enfim, a mostrar sua escolha. E, como sempre, é o mais cômoda: nivelar por baixo. Por ser mais fácil, instaurou-se a mediocridade. A Unimep acredita na falácia de “Universidade para todos”, pois o que interessa, aos novos comandantes metodistas, é a forma mais prática de se ganhar dinheiro. Mediocrizar é mais fácil.

Fossem menos preguiçosas, as inteligências lúcidas enfrentariam falácias de palanques mostrando que é o contrário: universidade não é espaço para qualquer pessoa, mas o lugar dos melhores cérebros, das mais férteis inteligências, elites pensantes. Essas independem de cotas, de cor, de credo, de sexo.

Ora, desde a Colônia, as famílias brasileiras vivem a “síndrome do doutor”, a luta por um filho com diploma universitário. Não se fala em talento. Por isso – na banalização dos “doutores” – a sociedade brasileira aceitou forjar-se também por medíocres que, tendo diploma, paralisaram o país com a sua incompetência e mediocridade. Insista-se: a Universidade é para quem tem talento para o estudo, para a pesquisa. Logo, para uma minoria que sempre será minoria em todos os países do mundo.

Dirão, alguns, tratar-se, esta, de uma visão elitista. E é. Pois universidade é lugar onde se agrega a elite pensante de um país, a elite científica de uma nação. É tolice demagógica acreditar-se que “todos são capazes de tudo” ou que “todos podem tudo”. Não é verdade. Dentro de nossas famílias, temos exemplos vivos nos próprios filhos: uns, vocacionados para os estudos; outros, infelizes à simples idéia de salas de aulas.

 

O Brasil não é vítima de elites. Fomo-lo, no passado. Hoje, é o contrário: paga-se o preço da falta de melhores, de a sociedade nivelar-se pelo rés do chão. Elites – pela perspectiva de Mosca, Pareto e outros – serão, sim, minorias quase exclusivas, detentoras de poder, sempre odiosas, sementes de totalitarismos e governos aristocráticos. Elite, no entanto, também é aquilo que há de melhor e de mais valorizado numa sociedade, num grupo. Seleção de futebol é formada pelos melhores, pela elite de jogadores. A Polícia tem a tropa de elite, e um filme com esse nome já dá o que falar. Até entre bandidos, há uma elite. Mas, à universidade, esmaga-se a sua própria razão de ser: uma elite do saber, lugar dos melhores, independentemente de cor, credo, origem social. Para a inteligência, não há cotas.

 

Transformar a universidade em simples colegião é o primeiro passo para matá-la. E essa parece ser a escolha: de um centro de excelência do saber, querem que a universidade seja pronto-socorro dos ensinos do primeiro e segundo graus. Não se fala em pesquisa, em ciência. Fala-se em dar diplomas para possibilitar melhores empregos. Seria mais honesto fazer o contrário: deixar de exigir diplomas universitários para atividades simplesmente técnicas. Mediocrizar o saber é mediocrizar o país, forjar uma nação a partir dos medíocres. Isso não é democracia, mas estímulo à oclocracia, ao governo da cloaca social.

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