XV e o livro do Centenário

Escudos-XV-PiracicabaE nós – que amamos o XV desde sempre – como iremos entender que o clube querido esteja completando 100 anos, se a sua juventude parece eterna? No mínimo, no mínimo, ele é um velhinho assado, maroto, sedutor com a sua eterna alma caipira. E seu centenário mexe com corações, anima espíritos, renova vitalidades. E tenho certeza: haverá ciumeira entre os que o amam, querendo disputar o campeonato de quem o ama mais. Do mais humilde ao poderoso; do intelectual ao trabalhador braçal; do jovem ao idoso, da mulher ao homem – todos disputarão esse campeonato de amor. E já começam a presenteá-lo, mimando-o, acarinhando-o.

Mas já aconteceu um presente que se tornou síntese de todos esses amores, como um buquê onde se recolhem as mais variadas flores. E é um presente magnífico, maravilhoso na forma e no conteúdo, como um tesouro que se recebe para todo o sempre: o Livro do Centenário, “XV, 100 anos”. Nele, forma e conteúdo se encontram em tal harmonia que, facilmente, se vêem rasgos de genialidade gráfica dando ainda mais vista a textos de mais de 20 redatores, entre eles professores e alunos da UNIMEP que se entregaram a árduas pesquisas.

Tive a honra de ser convidado para escrever um dos capítulos e, longe de rigor histórico, deixei falar o coração, lembranças, paixões, na certeza de estar, pelo menos, tentando exprimir o que, pelo XV, sente a alma piracicabana. O XV é de Piracicaba da mesma forma que Piracicaba é do XV, corpo e alma, dois numa só carne. E confesso a minha imensa e nova admiração pelo trabalho de edição e configuração da B2, editora responsável pela materialização da obra. Arnaldo Branco – jornalista dos mais experientes, com larga vivência mundial, com obras marcantes na vida do esporte brasileiro – conseguiu, com seus companheiros, criar uma obra de arte. Piracicaba poderia tornar-se devedora dele, mas não o será, pois Arnaldo Branco foi de tal forma conquistado pela paixão ao Nhô Quim e pelo caipiracicabanismo que já se rendeu à magia do XV e de Piracicaba. Ele e seus companheiros já são nossos.

É óbvio – e será precipitado quem fizer críticas – que, num livro de 200 páginas – não se consegue contar toda uma história de 100 anos, ainda mais quando o enredo é de tal forma apaixonado que as versões são múltiplas. Pois cada um canta e conta o o amor à sua maneira. Uma história total, ampla – e assim mesmo discutível – do “Nhô Quim” teria que ser contada pela soma de cada depoimento, impressão, pelo olhar de cada um dos cerca de 400 mil piracicabanos. Por isso, haverá falhas, mas episódicas, superficiais. Mas o livro ousou naquilo que, em minha opinião, foi uma loucura: escalar o time de todos os tempos, escolher os 15 maiores jogadores. Ai de mim! Quero estar longe das discussões que irão surgir, embora a minha certeza de que todos nós elegeríamos, por unanimidade, pelo menos três atletas-símbolo do “Nhô Quim”: Idiarte, Gatão e De Sordi. E eis-me também provocando discussões com isso, ô, “cáchara de forfe”.

O fato é que, com o livro do aniversário do XV, Piracicaba recebe – e o clube também – um presente precioso, pois, pelo menos a mim, haja – no interior paulista – livro semelhante celebrando um centenário de um time de futebol Mas o XV não é um time. Nem é um clube. O XV é parte da alma e da carne caipiracicabanas. Uma dúvida não tenho: cada família piracicabana haverá de querer ter – para ler, guardar, preservar – um exemplar desse livro notável, que sinto ser o marco inicial de uma continuação da gloriosa história do E.C.XV de Novembro. Sinto-me honrado por estar entre os autores, pesquisadores. E, de uma maneira muito especial, por ter aprendido muito com a competência, a paixão, o senso profissional desse jornalista singular que é o editor e diretor da B2, Arnaldo Branco. Bom dia.

Deixe uma resposta