A Polícia dos cabos Júlio e Trevisan.

A corrupção brasileira alcançou todas as instituições. Mais em algumas, menos em outras, mas todas foram atingidas, sem exceção. A gravidade é tanta que já se fala, sem pejo, em “cultura brasileira da corrupção”, uma tragédia que nos vem desde quando os primeiros homens brancos pisaram no solo pátrio.

Há corrupção no Legislativo, no Judiciário, no Executivo. Há corrupção nas empresas, na imprensa, nos meios de produção, de distribuição, corrupção em compra e venda, corrupção em igrejas, muitas delas transformadas em sofisticados balcões de negócios. Uma das mais infames cenas dessa corrupção brasileira foi-nos dada, ainda agora, com a presença do Presidente Lula e do Governador José Serra na inauguração do canal de notícias da Rede Record, sob o comando do soi-disant Bispo Edir Macedo que montou um império da fé, protegido pela classe política e na impunidade escandalosa de verdadeiros charlatanismos que exploram exércitos de pessoas humildes. Liberdade religiosa não pode se confundir com permissão para charlatanismo e implantação de esquemas industriais e comerciais da fé. Por que não uma CPI séria, decente, verdadeira, para se apurar o que há nesses impérios eletrônicos da fé, de todas as igrejas e não apenas desta ou daquela? Liberdade existe dentro da legalidade.

Ora, corrupção é doença que atinge a alma da “polis”, a idéia grega para o ser humano agrupar-se e viver com decência, com leis que assegurem direitos individuais e coletivos. Não à toa, a palavra “polis” produziu outras que lhe são direta e visceralmente ligadas: política, polícia, polidez, policiamento. Polis e político, polis e polícia são como que irmãos siameses, enraizados. O que contamina um contamina outro. Não haverá polis decente se políticos e polícia forem indecentes.

Hoje, no Brasil, há um movimento sério, crescente e feito de esperanças para, ao mesmo tempo, se depurar a Polícia de maus elementos e devolver-lhe o respeito e a admiração do povo. Pois a Polícia, até poucas décadas, foi e era instituição merecedora da confiança e do respeito das populações. O policial era garantia de proteção, aquele em quem a população podia confiar e ao qual deveria pedir ajuda e socorro, como ocorre hoje com essa corporação admirável que são os Corpos de Bombeiros.

O Brasil e Piracicaba – ainda mais diante das reações que o filme “Tropa de Elite” desperta – querem o modelo confiável e respeitável de Polícia, de policiais. E Piracicaba tem, nas lembranças do povo, duas personalidades que servirão, sempre, de símbolos desse respeito e da admiração do povo para com os seus policiais: o generoso Cabo Júlio, o idealista Cabo Trevisan – homens que, de crianças a velhos, foram amados, respeitados e ainda hoje lembrados. Piracicaba não precisa buscar modelos ou referenciais de Polícia: os cabos Júlio e Trevisan, ao lado de outros, foram testemunhos de que a Polícia é e deve ser decente. E, em sendo, é amada.

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