Diferença entre alhos e bugalhos.

Um dos pontos distintivos entre a passagem de Almir Maia e Davi Barros pelo legislativo piracicabano, ocorridas com menos de dois meses de diferença, dão indícios do complexo quadro que cerca a crise da UNIMEP.

Davi Barros, formalmente convidado pela Câmara, esteve apenas de passagem. Antes de sua fala, estabelecida para exatos 10 minutos, numa noite em que se alternaram no mesmo plenário professores, estudantes e pais apenas para manifestarem sua preocupação com os rumos da Instituição, ele permaneceu sentado no local destinado ao público. Poucos foram os vereadores que a ele se dirigiram. Nenhum tratamento diferenciado lhe foi dado, embora ali estivesse o reitor da UNIMEP, o diretor geral do Instituto Educacional Piracicabano. Ninguém o introduziu até o parlatório.

Na quinta-feira, Maia, desde que chegou, foi levado à sala da presidência do Legislativo. A ele não foi oferecido o tempo da tribuna livre, mas suspensa a sessão para que pudesse se manifestar por quanto quisesse. A ele nenhuma cobrança foi feita, apenas lhe foram endereçados agradecimentos, aplausos, o reconhecimento por um trabalho acumulado ao longo dos últimos anos. E aplausos literais, vindos do pequeno grupo que existia na Casa, ao final de várias de suas falas.

Com elegância, em nenhum momento Maia se dirigiu diretamente à atual administração para criticá-la ou a algum de seus membros pessoalmente. Acima de tudo, buscou dizer que Piracicaba precisa e deve assumir a importância, a credibilidade e a força de sua universidade, a universidade que, mesmo metodista, é de Piracicaba. E que a Igreja também tem compromissos para com esta Universidade, inclusive na manutenção de seu projeto.

Mas fez questão de lembrar e justificar sua presença para especialmente agradecer. Destacando que a construção de sua administração sempre foi algo coletivo, respeitando professores, funcionários, ouvindo alunos, abrindo espaço para reivindicações dos vereadores, respondendo às solicitações de serviço da cidade. E que só por isso a UNIMEP ganhou respeitabilidade. Porque uma Universidade que entenda sua razão de ser, não pode ser feita sem participação, sem democracia.

Permaneceu no plenário por mais de 20 minutos ouvindo elogios. Quando de sua passagem pela Câmara, Davi Barros se retirou assim que encerrada a fala de professores, alunos e pais, nas quais só existiam cobranças e preocupações. Quando um dos vereadores foi a tribuna, querendo respostas outras que não apresentadas por ele, o atual reitor já se retirara do próprio prédio do Legislativo.

Uma palavra do presidente João Manoel, talvez seja a síntese maior da grande diferença entre os dois dirigentes. Enquanto Davi se vê derrotado em todas as instâncias do Judiciário pelo não cumprimento da legislação trabalhista, o vereador, lembrando seus tempos de dirigente sindical na UNIMEP, conclui: ” Na época do Prof. Almir e do Prof. Gustavo podíamos negociar com respeito. E não precisava de acordos escritos, havia uma ética salutar. A certeza de que eles seriam honrados estava no simples passar a mão no fio do bigode. Era como dizia minha mãe: quem foi sempre é”.

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