Entre Mônica e Hulk.

O Brasil perdeu tempo precioso – e, de certa forma, faço o mesmo agora – discutindo a nudez de Mônica Veloso – ex-amante de Renan Calheiros – escancarada na revista Playboy e em páginas da Internet, bem como com o artigo de Luciano Hulk, choramingando por ter sido assaltado.

Paralelamente às misérias do cotidiano nacional, o Brasil tem sido notícia em todo o mundo como um dos mais promissores dos países emergentes, num momento decisivo de nossa história, à beira de um desenvolvimento sustentável e seguro. Confesso não me lembrar – a não ser nos tempos de Juscelino Kubitschek – de um clima nacional de tanto otimismo, apesar do mal estar de tucanos e ex-pefelitas. O mau humor tem vindo de São Paulo, de parte do empresariado paulista – pois a grande maioria parece satisfeita – e de ranços incrivelmente mantidos apesar de feitos e de conquistas.

Voltando, porém, a Mônica Veloso. Talvez, o tempo não tenha sido perdido – nem o meu, agora – se a reflexão nos servir para nos convencermos da necessidade de uma retomada de posição, da busca de um novo estilo de vida e, em, especial, da consciência de termos abandonado a juventude ao que existe de pior na sociedade. Pois Mônica Veloso, pelo modelo do capitalismo neoliberal, é uma vencedora: não se prendeu a qualquer laço de ordem moral, sua ética foi a do oportunismo, vendeu-se a si a mesma, em mais de uma oportunidade, para tirar proveito financeiro. O Brasil – pelo escândalo de não se saber como Renan pagou os serviços de Mônica – quase entrou em colapso. E Mônica Veloso aproveitou-se de cada momento para ganhar dinheiro, ocupar vitrinas e agir como uma oportunista como tantas que se multiplicam por aí. É um modelo de mulher e de pessoa, no entanto, que não pode mais ser referencial à juventude.

Quanto à Luciano Hulk, não há que se lhe negar o direito de protestar, de reclamar, de gritar, de espernear por ter sido roubado numa das esquinas das nossas cidades, como ocorre com a maioria da população. Não é o protesto de Hulk que causa espécie. O que mostrou a insensibilidade e o mundo de fantasia de nossos chamados formadores de opinião a partir do entretenimento é a sua alienação diante da realidade social do país. Talvez, Hulk pensasse que as informações sobre violência e desajuste social fossem apenas virtuais, ou outro espetáculo exibido por televisão.

Enquanto isso, criam-se cada vez mais faculdades e universidades mercantilistas, que exibem preços módicos para a entrega de diplomas, sem mais se falar em formação e capacitação da juventude para a construção de um país de verdade. Ou não se fala mais nisso e o crescimento do Brasil servirá apenas para ampliar as alienações?

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