Exemplaridade.

Um dos grandes pontos de afogamento dos tempos em que vivemos, especialmente no Brasil, é a exemplaridade. A falta dela. Ou a entronização dos maus exemplos, ainda que haja tolos querendo discutir o que seja bom, o que seja mau, pouco se lhes importando diferença entre mal e bem. O mau e o mal são visíveis. Da mesma forma como o bom e o bem. É na composição deles que se encontra ou o belo ou o feio

A vida pública se vai tornando cada vez mais feia, com aspectos horríveis, exatamente pela má exemplaridade. E pela falta da boa, que se tornou exceção. Pior ainda, os bons, em política e nos negócios – até mesmo no amor, na visão de vida – são tidos como tolos. Mas essa é uma visão que se vai esgotando, morrendo de congestão de tal forma foi sugada, comida, devorada. Malandros e espertos fartaram-se durante o chamado silêncio dos bons, incluindo igrejas e universidades que, algumas delas, preferiram e preferem a opção pelo mercado. Ora, pode-se até mesmo falar em uma ética do mercado, mas estaremos falando de amoralidade.

Ora – trazendo, como referência, ao plano familiar – os pais querem mostrar, aos filhos, pessoas e personalidades que lhes sejam exemplares, que possam servir de exemplos, de modelos. Infelizmente, a confusão de valores é tal que, muitas vezes, o exemplo é baseado no sucesso diante das leis do mercado, em conquistas e êxitos financeiros. Nem sempre são os melhores. Mas a imagem e a ideia de vida exemplar, de pessoas exemplares, de sociedade exemplar, essas acompanham o ser humano desde as nossas origens sociais. Exemplar, pois, é o que funciona como modelo a ser imitado ou, então, como arquétipo, algo que nos vem das entranhas do mundo. Diz-se que as idéias de Platão são causas exemplares. Exatamente porque servem, ainda agora, como modelos, arquétipos da civilização judaico-cristã.

Em Piracicaba, tem havido estranhamentos de políticos pelo fato de homens de bem começarem a evitar a companhia ou a proximidade com políticos agora de reconhecida má fama ou sob suspeição. Trata-se do fenômeno do mau exemplo, da má exemplaridade que pode contagiar o que está por perto. A sabedoria do povo é notável diante da simplificação do exemplarismo, da exemplaridade: “Dize-me com quem andas e te direi quem és.”

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