Falta de escrúpulos metodista.

Em tempos de tanta mediocridade assumindo postos de comando e pretendendo orientar instituições honoráveis, que se deixe claro, para não haver interpretações também medíocres: referimo-nos a escrúpulos, em relação à administração metodista, no sentido filosófico da palavra. Escrúpulo é, em superficial síntese, a hesitação cautelosa, a dúvida salutar que impele a refletir sobre a ação a se realizar, se correta, se desastrada. Davi Barros já provou não ter qualquer escrúpulo, homem com certezas próprias, com verdades absolutas e, por isso mesmo, medíocres e patéticas.

Um homem e uma instituição com esse escrúpulo filosófico pensariam e hesitariam muito antes de enviar o cartão de Natal e de Boas Festas, que IEP/Unimep enviaram, acintosamente assinados pelo Bispo Josué Adam Lazier, Davi Ferreira Barros e Almir Linhares de Faria. Ora, por mais sejam votos apenas convencionais – dessas tantas hipocrisias e máscaras de que é feita a civilização ocidental neo-liberalizada – há um limite para o cinismo, para o descaramento. Há uma antiga peça teatral – um clássico de Pedro Bloch – que diz de realidades mais verdadeiras do que mentiras convencionais: “Os inimigos não mandam flores.” A menos que sejam idiotas – uma hipótese viável em tempos medíocres – ou atores com um nível de tal forma espantoso de cinismo, no seu sentido vulgar, que causa perplexidade até entre os mais céticos.

Quem imaginaria, neste Natal, Mr.Bush enviando flores a Osama Bin Laden ou desejando um tempo feliz aos civis iraquianos submetidos, em Bagdá, a bombardeios diuturnos? Ou quem acreditaria se Mr.Bush – após tiranizar populações – lhes prometesse um “compromisso para um mundo mais fraterno?” Mais do que risível, seria de uma indignação sem limites, de um farisaísmo insuportável até para os mais tolerantes e compassivos místicos.

Torturadores não podem falar de paz e desejar esperança a populações torturadas. Tiranos seriam simples miseráveis desalmados se, com a chibata na mão, tivessem a falta de escrúpulo e a indecência de augurarem: “Natal é tempo de esperança, de fé e de um compromisso em favor de um mundo mais fraterno.” Pois foi essa falta de escrúpulo metodista que Davi Barros, a Igreja Metodista, em nome de IEP/Unimep desejaram, em sofisticado cartão, a professores e funcionários que vivem dias de amargura e de lágrimas, vítimas de injustiças, de violação de direitos, da falta de pagamento de salários e de 13º salário. Davi Barros chegou ao mais perigoso dos extremos a que pode chegar um homem, se tiver um mínimo de bom senso e de equilíbrio: o de provocar, com cinismo, suas vítimas acuadas, judiadas, humilhadas. Ele zomba delas, desejando-lhe um Feliz Natal, sabendo que é responsável pelo sofrimento de tantas famílias; Davi e a Igreja Metodista tripudiam sobre suas próprias vítimas. E, se eles tivessem, ainda, um mínimo de fé na palavra bíblica que tanto fingem pregar, haveriam de se lembrar de que, agora, eles clamam aos e contra os céus. E que até as pedras gemem diante de tanta ignomínia.

Sinal alarmante dessa falta de escrúpulo metodista é ver que, ao lado da referência sem quase nenhum valor de Davi Barros, estão apostos os nomes do Bispo Josué e do diretor do Colégio, prof. Linhares de Faria. Ninguém mais parece ter escrúpulo na alta direção metodista. Por isso, suas certezas de que a crueldade é justa se tornam, a cada dia que passa, mais desprezíveis.

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