Informação debaixo do tapete.

Nada interessa mais a famílias e estudantes, em finais de ano, do que vestibulares. Envolvem nervosismo, expectativa, frustração. Para poucos, comemoração.

Dois pontos distinguem a cobertura que dos exames se faz: a correção das provas e os números, porcentagens, indicadores de quantos disputam quantas vagas, qual foi a abstenção nos exames, quantos estão sendo convocados. Trata-se de uma norma que ninguém questiona, discute, ignora. Candidatos que chegam para cursos que, por exemplo, possuem apenas dois estudantes para cada vaga, enfrentam o vestibular de maneira muito diferente daqueles que pretendem uma vaga disputada, por exemplo, por 30, 40 candidatos.

Nesta semana, depois de distribuir uma estranha notícia, de que houvera 14,5% de abstenção nos vestibulares da UNIMEP, sem dizer 14,5% de quantos, a Assessoria de Imprensa, solicitada a fornecer dados mais concretos, assim se manifestou: “os dados solicitados são de gestão administrativa e a ampla divulgação poderia afetar os processos de matrícula e seleção (vestibular de fevereiro de 2008) que ainda estão em andamento”. (V. também Cidade e Região.)

Certamente por trás da negativa esconde-se uma estratégica de marketing. Como admitir, na óptica da atual administração, que o número de inscritos decaiu fortemente? Sabe-se de muitos cursos em que a procura nas Faculdades Anhanguera foi proporcionalmente muito maior do que na UNIMEP. Trata-se certamente de mais uma evidência dos efeitos da desastrada administração Davi Barros.

Ora, se a Reitoria chegou a querer cancelar o oferecimento de mais de duas dezenas de cursos – voltando atrás algumas horas depois por pressão dos professores – é evidente que o número de inscrições era mais baixo do que o esperado. Pais e estudantes têm direito a esta informação agora, quando ela os afeta diretamente. E não mais tarde, quando, na óptica dos administradores atuais da UNIMEP, certamente ela já não afetará o desempenho das matrículas e de outras tantas provas a serem oferecidas seguidamente na tentativa de buscar mais alunos.

Mas a negativa da informação envolve um outro problema. Ela acena com uma política de filtro de informações que em nada condiz com uma universidade. Especialmente com a UNIMEP com que Piracicaba e o mundo acadêmico se acostumaram a conviver. O excesso de sinceridade da UNIMEP, por vezes, chegou a surpreender os meios de comunicação em tempos outros. Elias Boaventura tornou-se manchete do sisudo Estadão ao distribuir aos candidatos de um dos vestibulares carta sugerindo que pensassem bem antes de optar pela UNIMEP: tratava-se de uma universidade paga, que exigia recursos de quem nela estivesse, apesar de sua preocupação e compromisso com os menos favorecidos.

Durante anos e anos, mesmo com o sobe e desce das matrículas e inscrições que aconteceram nas gestões seguintes, a comunidade nunca deixou de conhecer os números exatos, por vezes até analisados pelos reitores das possíveis causas do desinteresse em algumas áreas. As notas dos provões, mesmo as que até ameaçavam de fechamento alguns cursos, nunca deixaram de ser mencionadas em notícias que também falavam dos cursos com melhor desempenho.

À UNIMEP até Davi Barros nunca pareceu ser prioritário o marketing ao direito à informação. Pareceu. Hoje, melhor seria perguntar o que mais estará sob o tapete, em termos de informação.

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