“Jus sperneandi”: FHC e Heloísa Helena.

É uma das mais tristes e apáticas campanhas eleitorais das últimas décadas. Parece estar claro que a grande maioria da população irá votar muito mais como questão de obrigação do que como direito. Têm sido tantas as desilusões, perdas de esperanças que se sentem, no ar, sensações de enfado e de desinteresse. Os grandes interessados estão na própria classe política, nos partidos, nos que borboleteiam em torno deles, multidões que giram na órbita do poder.

Heloísa Helena, qual atriz mambembe, despontou como a estrela da campanha, muito mais por seus ares de bruxa furibunda do que por significação própria. Por que haverá alguém de votar em Heloísa Helena? Alguns, por questões ideológicas; outros, por farra, como se votou no Cacareco; aqueles outros para ver o circo pegar fogo. O problema é que Heloísa Helena começou xingando, continuou xingando, ainda está xingando. E até xingações enjoam.

Ninguém esperava, no entanto, que caciques do PSDB viessem a disputar, com Heloísa Helena, ao campeonato de xingação e de vulgaridade como acabou acontecendo. Primeiro, viu-se uma nova faceta, e falsa, de Geraldo Alkmin, pondo-se como porta voz da moralidade, líder da oposição a Lula, algo que ele nunca foi e não tem estrutura para ser. E, agora, Fernando Henrique Cardoso, um homem que parece completamente cego pela vaidade e por uma certeza enlouquecedora de ser imperador. FHC berra, grita, xinga, escreve, dá entrevistas, como se fosse um cidadão qualquer e não um ex-presidente da República e guru de um partido político. FHC perdeu-se, caindo num nível de vulgaridade que o leva a pôr-se ao lado de Heloísa Helena, quem diria?

Fernando Henrique e Heloísa Helena estão falando, berrando, xingando e ridicularizando-se apenas para si mesmos. Ou um para o outro. Dela, esperava-se tudo isso. De Fernando Henrique, havia que se esperar, pelo menos, o silêncio de quem teve alguma majestade. E a compostura. Não aconteceu.

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