Mais do que a chave, entregar o boné.

É inútil o reitor Davi Ferreira Barros queixar-se disso ou daquilo, reclamar de incompreensões, responsabilizar seus antecessores, lamuriar-se de professores, de salários, até mesmo da imprensa. O estrago já está feito e, numa mínima reflexão – simplista que fosse – que ele fizesse, haveria de admitir que, na verdade, sua intempestividade, modos bruscos, atitudes personalistas determinaram o clima irrecuperável de entendimento e, também, de prestígio da Universidade.

E é esse o maior e o mais grave problema: Davi Ramos jogou a níveis baixíssimos o prestígio alcançado, a duras penas e por longas décadas, pela Unimep. Pois a sua inabilidade – ou seria uma estratégia proposital? – foi a do quinta-coluna contratado para liquidar com seu próprio exército. Quando se quer destruir uma empresa, uma instituição, uma organização, começa-se por desmoralizá-la, por apregoar a sua doença terminal, por anunciar a sua morte próxima. Ora, quem investe em uma empresa cujo presidente se lamenta de estar, ela, falida? E, nesse caso, que aluno arriscaria participar de um exame vestibular numa universidade em que o próprio reitor diz estar próxima de fechar as portas?

Davi Barros, desde o início, trocou os pés pelas mãos. E perdeu aquilo de que mais necessita um líder entre os seus comandados: respeito e confiança. Pois Davi Barros não agiu às claras, não foi sincero, não cumpriu o que estava combinado, sonegou informações, agiu às ocultas. Ora, sabia-se da necessidade de diminuição de custos e até mesmo de dispensas. Mas não de forma tão cruel, grosseira e desleal, para não dizer acovardada porque não há outro termo para se entender que dispensas em massa sejam feitas por e-mail. A Unimep tem um histórico de civilidade e de respeito para com funcionários, alunos, professores. E ela tem uma responsabilidade humanística, dada a sua origem confessional. Davi Barros mandou tudo às favas, o que permite a suposição de haver um propósito oculto em tudo isso.

Na realidade, o que não se revela para o grande público é a grave crise também institucional que divide a cúpula da Igreja Metodista. Há fortes setores para quem universidades e faculdades não fazem parte de seus objetivos, pois os conflitos internos são ideológicos. Por outro lado, há projetos de se criar a Universidade Metodista do Brasil, unindo unidades e centros universitários já existentes. Quando a universidade metodista de São Bernardo, da qual Davi Barros foi reitor, mudou o nome para Universidade Metodista de São Paulo, ficou óbvio que pelo menos o sonho era o de absorver o que fosse possível. Unimep, inclusa. E a Unimep, que socorreu tantas instituições metodistas como bem lembrou o ex-reitor Elias Boaventura, passaria a ser um simples campus dessa que pode ser uma nova proposta de alas metodistas, o que explicaria o manifesto tão solícito de instituições que precisam, também, de soluções.

Davi Barros é executor de um projeto. E quando ele diz que, se suas decisões não forem mantidas, a Unimep pode fechar, ele, na verdade, está começando a fechá-la, desmoralizando-a, desvalorizando-a, humilhando-a . Suas ameaças veladas à Justiça, que aprecia o direito de os professores se defenderem, são mais do que uma ofensa, mas um desrespeito a um dos poderes constitucionais da República. Davi Barros está com propósitos belicosos e isso faz parte de quem não busca soluções, mas de quem veio para desmontar, enfraquecer, desmoralizar.

Davi Barros prometeu entregar a chave da universidade à justiça, para que esta administre a Universidade, num deboche condenável. Além da chave, que não foi entregue, o mais decente que Davi Barros deveria fazer era apanhar o boné e ir-se embora, porque, em Piracicaba, sua situação se tornou insustentável. Ele se esqueceu de que a universidade é metodista, sim. Mas de Piracicaba, cidade a que a igreja e a instituição devem muito em carinho, em amor, em respeito e em auxílio material.

Alguém de bom senso deveria mostrar a Davi Barros que ele tenta ser general, mas que seu exército é de Brancaleone. General sem exército serve apenas para anedota.

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