Mirante, “paisagem suíça”.

No caderno Especial, estamos publicando um artigo do notável intelectual piracicabano, Antônio Oswaldo Ferraz (Tonico Ferraz), em que ele disserta sobre a “Piracicaba que ele desejaria” construir. Piracicaba é sonho dos piracicabanos, amor de entranhas, que passa de geração a geração. Os cuidados com a nossa cidade foram, ao longo desses quase 250 anos, como que uma obsessão de intendentes e de prefeitos, ouvindo a voz e o coração do povo.

Uma cidade bela e limpa, era o que se dizia de Piracicaba, tida como cidade exemplar pelos paulistas. Naquele texto de Tonico Ferraz – intelectual, escritor, professor, cultura imensa – ele faz referência ao maravilhamento de Sérgio Milliet, também um dos maiores intelectuais brasileiros, crítico literário do “Estadão”, quando viu o Mirante e a sua paisagem. Para Milliet, era como se estivesse diante de uma “paisagem suíça”.

Essas considerações se devem ao fato de a Prefeitura Municipal ter-se voltado, agora e finalmente, para uma reforma ampla no parque do Mirante, que foi o parque do Barão de Rezende, reconstruído por Salgot Castillon em 1959, um lugar onde as famílias piracicabanas iam para fazer piqueniques, para passeios bucólicos, espaço de descanso e de maravilhamento diante das águas do Salto. É alentador que a Prefeitura o faça. Mais alentador será se, a partir das reformas, criar-se realmente um programa de manutenção e de visitação, dando-se segurança às pessoas, retomando-se também o antigo e velho hábito dos piracicabanos de, em noites de calor ou até mesmo em noites de bruma, passear no Mirante, por suas alamedas, por entre suas árvores.

O Mirante é um dos patrimônios de Piracicaba, esquecido nas últimas administração do PSDB, tendo um esforço de recuperação através de José Machado, cujos planos para aquela orla fluvial eram magníficos, chegando ao Bongue com iluminação especial, o grande Projeto Beira Rio. Infelizmente, esse projeto foi esquecido, obviamente por questões políticas, mesquinhas e ultrapassadas. O fato, porém, de se realizarem obras no Mirante é de alento. E isso poderia dar algum sentido em possíveis projetos turísticos, que, desde a década dos 1950, não se realizam por esbarrarem num único fator: amadorismo.

Quando a Prefeitura – e não é só o atual prefeito, mas os que o antecederam também – se convencer de que Turismo é assunto para profissionais, talvez, então, Piracicaba possa abrir os olhos para uma fonte de receita formidável, que, no entanto, jamais será explorada com tanto amadorismo oferecido aos visitantes. De qualquer maneira, a recuperação do Mirante, mesmo que apenas para os piracicabanos, é decisão merecedora de aplauso. É a nossa “paisagem suíça”.

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