Motoqueiros e ciclistas.

É verdade que o novo estranha, surpreende, incomoda. E que, também, se torna um desafio à medida que se impõe e que se torna parte do cotidiano. O novo cria dificuldades e também cria problemas. E estes se acentuam e se agravam quando a sociedade, por seus instrumentos legais, não equaciona essas novas realidades. Sem equacionamento e sem regras, o novo se transforma em desordem.

Ora, não se pode mais dizer que os serviços prestados por motociclistas – o trabalho os chamados “motoboys” – sejam algo novo, dada a sua consolidação junto às comunidades. “Motoboys” tornaram-se profissionais tão importantes à população que não há mais como imaginar como prescindir de seus serviços. E, no entanto, eles próprios – com as exceções próprias de toda regra – parecem ser os primeiros a se desvalorizarem e a se colocarem à margem do respeito e da admiração que deveriam merecer. Pois não há praticamente ninguém que não tenha alguma queixa de “motoboy”, com o desrespeito às leis de trânsito, à segurança, com seus abusos e irresponsabilidades.

A sociedade saturou-se dessa violência promovida por “motoboys” e por uma arrogância que apenas pôde se exacerbar pela absoluta impunidade com que agem e com que se comportam. São necessários à comunidade, tornaram-se profissionais e, por isso mesmo, não se concebe que atuem como pessoas acima da lei. Até mesmo os protestos que promoveram nos últimos dias – reagindo a tentativas disciplinares – mostram esse insuportável senso de impunidade que parece mover os ditos motoqueiros em sua fase mais primitiva de ação. Pois, em outros países – em especial nos EUA – já havia protestos e houve também filmes mostrando a selvageria nas motocicletas, como que um estilo de barbárie urbana. Há filmes antigos que se tornaram clássicos, como o inesquecível O Selvagem, com Marlon Brando, e o Selvagem da Motocicleta. Seriam, eles, os referenciais dessa barbárie atual?

Talvez, no entanto, estejamos buscando soluções de maneira equivocada, indo ao exagero para combater exageros, como o proibição de se transportar alguém na garupa. Ora, a solução está na lei, apenas na lei. No cumprimento dela, na fiscalização, na punição. Motoqueiros, se são profissionais em suas atividades e em seus serviços, estão sujeitos à lei, em todos os sentidos: na habilitação, nas normas de trânsito, na permissão para atividade profissional, etc. Se houver fiscalização rigorosa e punição adequada, não há necessidade de novas leis. Pois o Brasil se perde, cada vez mais, por inventar novas leis em vez de endurecer no cumprimento das que existem.

E os ciclistas, quando passaremos a estar atento aos abusos que cometem? Tornou-se hábito ciclistas trafegarem na contramão, em calçadas, ziguezagueando por entre veículos motorizados, irresponsavelmente colocando suas vidas em jogo e arriscando a de terceiros. Piracicaba, com o medo de vereadores e de prefeito em perder votos, está se transformando em terra de ninguém. Ou melhor: terra que tem abrigado sanguessugas e oportunistas encastelados no poder.

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