O martírio de Almir Maia.

A sorte, por enquanto, de Davi Ferreira Barros é a de que ele, na realidade, pouco entende de história e, em especial, das lições milenares e eternas da mitologia. De todas elas, as mitologias. Incluindo as cristãs. E é sorte dele porque, nessa ignorância da fatalidade histórica, ele não percebe o seu grande e penoso azar, a sua tragédia pessoal: ele aceitou substituir, suceder e tentar destruir um homem de bem, que se tornou ícone e símbolo – Almir de Souza Maia.

O destino de Davi Ferreira Barros é trágico, da mesma forma que freudiano ou por isso mesmo: ele se vê obrigado a matar a autoridade, a matar o pai, a matar o antecedente e o ancestral, sem perceber que se mata a si mesmo. Qualquer estudante de mitologia conhece esse percurso penitencial do ser humano, sabendo, porém, de como termina, de como a tragédia se encerra. Pois tragédia é esse final funesto, o canto ao bode, a farra dionisíaca terminando em sacrifício sangrento, o bode sacrificado. Davi Barros, na farra de sua irresponsabilidade, pensa estar sacrificando Almir de Souza Maia, seu antecessor, seja como um parricida, seja como um dionisíaco sacrificando o bode. Mas, na verdade, ele se suicida, mata-se em sua pequena biografia, apequena-se, assemelhando-se, pateticamente, a um Nero tentando incendiar sua Roma imaginária, para construir nada no lugar.

Usei a palavra irresponsabilidade e respondo por ela. Responsabilidade é responder. E voltarei a esse assunto oportunamente. Pois, irresponsavelmente – não sabendo pelo que responde – Davi Ferreira Barros está provocando a dilaceração do ventre da Igreja Metodista e, com isso, a exposição de suas vísceras, as da Igreja. E não há vísceras bonitas.

Confesso não saber até onde irá essa irresponsabilidade. Ou quem – pessoas ou instituições – haverá de interrompê-la. Pois está em jogo mais, muito mais do que uma “escolinha do Davi” ou uma seita nascida a partir de um Metodismo histórico. Está em jogo uma história séria, honrada, digna que – com todos os seus percalços, com todas as suas misérias – se manteve séria, honrada e digna. Davi Ferreira Barros, com seu exército de inocentes-úteis, desinformados, oportunistas, não percebeu estar provocando a cólera dos deuses.

O silêncio de Almir de Souza Maia – cuja honestidade e honradez a irresponsabilidade de Davi Barros não cuida de respeitar – é sintomático de um martírio que engrandece esse homem estóico. A sorte, pois, de Davi Barros é sua ignorância diante da história, da mitologia, do sagrado, do respeitável, do verdadeiramente religioso. Mas o seu azar é estar, irresponsavelmente, tentando destruir a imagem, a caminhada, a obra, o percurso, a construção de uma plêiade de homens que foram e que são muito maiores do que ele, o pequeno Davi.

Insistirei na irresponsabilidade de Davi Barros em expor as vísceras da Igreja Metodista. O mal que ele faz é irreparável. E o martírio, a que Almir de Souza Maia silenciosamente se submete, passa a ser uma bandeira de reação contra esse vandalismo e irresponsabilidade morais. Insinuações contra a honradez e a dignidade, contra a honestidade e a decência de Almir Maia são infâmias insuportáveis.

Há que se intervir na Unimep, antes que todas as vísceras fiquem à mostra. Vísceras do sagrado desencantam tudo. Universidades e igrejas sem encantamento não são nada. Davi Barros propõe o nada.

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