O poder de um homem livre

As tiranias – sejam quais forem: políticas, religiosas, econômicas – têm pavor da liberdade. Pois nada há de mais revolucionário do que uma sociedade de homens livres. E um único homem verdadeiramente livre tem o poder de causar revoluções que modificam o mundo. E os povos. Temos, na história, exemplos admiráveis de homens livres que libertaram os homens de formas agudas de tiranias: Jesus Cristo, Francisco de Assis, Aristóteles, Platão, Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, cada qual com sua ação e mensagem específicas. Mas todos eles tendo por fulcro a essência de tudo: a liberdade, que é própria da essência humana.

Os estóicos deixaram, como herança, uma lição magnífica desse poder humano:”Só o sábio é livre, e todos os malvados são escravos.” Para eles, liberdade é autodeterminação. Por conseqüência, escravidão é falta de autodeterminação. A pergunta – entre muitas – que deveríamos nos fazer, nestes tempos enlouquecidos, seria a da própria autodeterminação. Quem a tem? Ou, em nome de uma falsa liberdade, não estamos sendo vítimas das mais cruéis – porque sutis – formas de escravidão?

Não se deve confundir democracia com sistemas econômicos desregulados ou controlados pelo Estado. A teoria da economia de mercado, por ter fugido ao controle da sociedade, permitiu o caos que atingiu sem número de países, com repercussão terrível sobre os povos, em especial o povo mais humilde e indefeso. A democracia foi usada como pretexto para uma liberalidade geral que se tornou anárquica. E tudo se iniciou com a pérfida teoria do “pensamento único” que redundou na exigência do “politicamente correto”. Ora, implantar o “pensamento único” é o mesmo que criar uma ditadura ideológica subordinada a outra ditadura, a econômica. O “pensamento único” massifica o ser humano, rouba-lhe o direito de pensar por si mesmo e, portanto, aprisiona a sua autodeterminação. O nome disso é ditadura.

No primeiro milênio de nossa era dita cristã, a Igreja buscou o que afirmou ser um sonho evangélico: “um só rebanho para um só pastor”. Foi a antecipação do “pensamento único” que, agora, o capitalismo usa como se fosse o seu próprio evangelho: “Um só rebanho para um só pastor”. E a isso deu o nome de globalização que se tornou instrumento para domínio cultural, econômico, ideológico e domínio das manadas humanas.

Um homem livre, um só, tem o poder de mostrar que o rei está nu. Por isso, malfeitores na política, na economia, na cultura precisam anular ou amordaçar os homens e as sociedades que se afirmem livres. E que verdadeiramente o sejam. Não há, porém, como fazê-lo, nem mesmo matando-os. Pois, se os reinos e tiranias caem, o pensamento e as idéias dos homens livres permanecem. A internet, hoje, é o espaço de liberdade que – se usado responsavelmente – mostrará que o rei está nu e que não há como impor pensamento único, ditaduras, silêncios corruptos e oportunistas. Agora, os povos têm voz. E espaço livre para proclamar a sua liberdade. É a nova revolução: a do homem livre.

1 comentário

  1. Delza Frare Chamma em 03/09/2012 às 19:59

    Bravíssimo! Texto sensacional. É essa voz do povo que fará com que a mudança aconteça e que nenhuma forma de "pensamento único" substitua o grito pela liberdade entalado em nossas gargantas e marcado no insconsciente coletivo da humanidade através do sangue jorrado dos homens livres que deram sua vida para a conquista dessa liberdade.

Deixe uma resposta